Capítulo 9

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"É tão curto o amor e tão longo o esquecimento."
- Paulo Neruda.

Lilith.

Estou sentada na calçada do estacionamento privativo do Motel, quando escuto o som estrondante do motor daquela coisa que Max chama de moto.

Levanto meu olhar do caderno preto em minhas mãos, vendo o cara alto deixando o capacete sobre o couro do banco e ajeitando a jaqueta de couro em seu corpo forte, antes de vir até mim.

Respiro fundo e me levanto, tentando manter alguma espécie de postura com sua aproximação. Aqueles olhos azuis intensos se fixam em mim com tédio, e minha mão coça para acertar seu belo e arrogante rosto.

Coloco uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e dou alguns passos até parar na frente do lendário e grande babaca nas horas vagas, Max Osíris.
Noto seus cabelos negros úmidos e o leve rubor no seu rosto, o que o faz ficar ainda mais bonito.
Se isso é possível.

-- O caderno da sua irmã. -- Estendo o caderno de biologia que Emily esqueceu comigo.

Max desce seu olhar por meu rosto, suas safiras se estreitando ao perceber algo.

-- Seu cabelo está diferente. -- Me assusto com a rouquidão de sua voz e demoro um tempo para entender o que quer dizer. -- E suas bochechas estão vermelhas.

Toco as mechas do meu cabelo, agora mais loiras e douradas depois que passei o dia pegando sol na piscina do Motel.
Minhas bochechas queimam ao notar seu olhar ainda preso em mim, como se tentasse absorver todas as mudanças em meu corpo, desde minha pele mais bronzeda até a marquinha de biquíni evidente em meus ombros.

-- Eu... - Mordo os lábios, tentando controlar meu nervosismo. Mas a verdade, é que estou um pouco constrangida. Ele precisa me olhar desse jeito? -- ...só peguei um pouco de sol.

-- Foi à praia? -- Franzo o cenho, confusa com suas perguntas.

Talvez, esse seja o maior diálogo que já tivemos. Mas... qual a necessidade dessas informações?

-- Não, eu passei o dia na piscina. -- Aproximo o caderno de seu peito, esperando que o pegue e me deixe em paz, mas é claro que não é isso que Max faz. -- O caderno, Max. Não foi isso que veio pegar?

Por que é sempre tão difícil?

-- Sozinha? -- Percebo o seu maxilar trincado com desgosto e reviro os olhos. -- Você estava sozinha?

-- Isso não é da sua conta, Max Osíris. -- Retruco, como uma criança fazendo birra.

-- Me responda, Lilith. -- Ordena, feito um maldito babaca arrogante.

Sua postura se eleva quando ele ajeita os ombros largos, parecendo ainda mais alto. Max desvia o olhar do meu por alguns segundos, seu maxilar está cerrado enquanto ele encara o estacionamento ao redor, como se precisasse varrer todo o lugar. Suas narinas se expandem e eu percebo como sua respiração fica mais rápida.

Sigo seu olhar e vejo o leve brilho das luzes da piscina. Ela está distante, mas do estacionamento é possível ver uma parte. Na verdade, é todos os corredores dessa ala do Motel, dão vista para piscina. Eu tinha medo disso na infância e por muito tempo, meu pai não me deixou nadar sozinha.

Mas eu não via problema agora.
Já era crescida e podia tomar minhas próprias decisões.

Max se virou para mim novamente, ele estava irritado.

-- Você estava sozinha, Lilith?

Talvez tenha sido pelo modo grave como ele disse meu nome, mas me peguei usando do deboche novamente para respondê-lo:

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora