Capítulo 35

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Lilith.

Eu estava com uma dor de cabeça horrível.
Encarava o prato de macarrão na minha frente, porém, parecia que os fios de massa se mexiam pelo prato, deslizando pela superfície plana de vidro. Era uma merda. Se eu soubesse que Emily tinha me dado alguma balinha alucinógena, nunca teria ingerido. A onda de felicidade que senti nas primeiras meia hora, não recompensavam o mal estar que eu estava sentindo durante todo o dia.

Ainda mais quando Max Osíris entrou no refeitório com o rosto tomado por hematomas. Não, naquela hora eu senti vontade de vomitar. Seu olho esquerdo estava roxo e ele mal conseguia abrí-lo. Seu maxilar estava inchado, o lábio cortado... Alguém tinha destruído a cara dele.
Era como se alguém tivesse feito exatamente o que senti vontade quando me tocou, ontem à noite. Silenciosamente, eu agradecia ao suicida que machucou Max.

Ele inclinou o rosto na minha direção, como se sentisse minha atenção. Eu desviei meu olhar, antes que ele notasse que estava o observando.

A noite de ontem ainda estava fresca na minha memória. Eu nunca tive tanta consciência de uma lembrança, como agora tinha do meu primeiro contato com o prazer. Não era daquele jeito que eu queria ser tocada pela primeira vez, porém Max me roubou o meu direito a escolha.

Levantei meu olhar, ao ver Emily correndo para fora do refeitório, parecendo mortalmente pálida. Todas as conversas paralelas cessaram, enquanto os alunos observavam as portas de saída baterem com força. Fiz uma careta para o meu macarrão, ao joga-lo fora.
Eca!

Abracei o meu corpo, enquanto caminhava pelo corredor e deixava o refeitório para trás. Entrei no primeiro banheiro feminino que tinha naquela parte da escola, e o som de alguém vomitando era nítido na última cabine. Me aproximei, com o coração trovejando contra o peito e bati duas vezes na porta.

-- Está ocupado, sua piranha de mer...

Sua voz teria soado ameaçadora se ela não tivesse voltado a vomitar logo em seguida, interrompendo seu xingamento.

-- Abra logo isso, Emily. -- Mandei, socando a porta.

Alguns segundos de silêncio se estenderam sobre o banheiro, mas o som de seu vômito ininterrupto quebrou o clima de suspense e Emily abriu a porta.
Ela estava debruçada sobre a tampa do vaso, tossindo algumas vezes para tirar o gosto de ácido da boca. Me agachei ao seu lado, afastando seu cabelo do rosto molhado de suor e afagando suas costas.
Ela sorriu para mim com culpa. Seu rosto estava pálido como de um cadáver e Emily parecia perdida em sua própria cabeça.
Mesmo que eu queira odiá-la, não tenho nada contra Emily além de que me desprezou por alguns dias e se afastou enquanto eu me iludia com seu irmão.

Meu Deus!

Eu não estava com raiva por ela ter sido má comigo, mas porque tinha razão. Max é horrível e me destruiu de um jeito que me tornou viciada em sua destruição.
Ela me avisou.
E eu detestava que tivesse me avisado.

-- Você está horrível. -- Sussurrei.

Emily revirou os olhos.

-- Eu estou grávida. -- Disse, como se estivesse falando algo óbvio. -- Mas obrigada.

Eu tinha certeza que minha boca estava escancarada e meus olhos arregalados, mas Emily apenas riu.

-- Você está brincando. -- Acusei.

Ela não podia estar falando sério.

-- O pior que não. -- Suspirou. -- Já estou de dois meses ou algo assim.

-- Emily...

Eu não estava acreditando nenhum pouco naquilo.

Ela pegou minha mão e colocou sobre sua barriga. Na mesma hora, eu me calei. Ainda era pequeno, mas havia algo ali.
Sem contar que quando a conheci, Emily não tinha nenhuma curva no corpo, mas de uns tempos para cá, era como se ela tivesse se tornado uma dessas garotas super gostosas de capa de revista, de uma hora para a outra. Confesso que a invejei antes, mas agora sentindo a barriga levemente arredondada, eu realmente não queria estar no seu lugar.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora