Capítulo 4

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"A ironia da dor é que você quer ser consolado por quem te machucou."
-Selena Gomez

Lilith River

Eu não sou uma pessoa muito fácil.
Odeio injustiças.
Odeio tudo o que é feito no Motel.
Odeio esse lugar.
Odeio as pessoas que frequentam estes quartos, trazendo seus segredos.

Quando Max sugeriu matar o Senhor Flintstone, eu pensei em aceitar. Meu plano nunca foi deixar aquele verme entrar pela catacra do guichê, mas...

O que aconteceria com aquela criança?

Se eu mandasse Flintstone para casa, ele encontraria outro lugar para cometer seus crimes. Talvez, até mesmo matasse a criança e a jogasse em algum lugar remoto, onde dificilmente seria encontrada de imediato.
E a sua família?
Seus pais?
Os amigos da escola?
Quantos corações morreriam se eu o mandasse embora?
Quantas vidas seriam arruinadas se aquela menininha morresse?

Muito mais do que se eu o deixasse entrar.

Por isso, guardei o dinheiro e peguei a chave de um quarto específico. O quarto que destinamos para as pessoas importantes da cidade, como o prefeito ou até mesmo, o Senhor Osíris. O quarto perfeito para um homem que não quer ser visto ou muito menos ouvido pelos outros clientes. O único quarto com saída para os túneis.

A chave com o número 001 queima em minha mão, enquanto o sangue rugia pelo meu corpo.

-- Lilith! -- Max me chamou, uma pitada de preocupação passando pelo gelo impenetrável de sua voz.

Não me importei.

Coloquei a chave na gaveta e observei o senhor Flintstones acenar para o vidros fumê, estampando um sorrisinho de sorveteiro gentil.
Sempre detestei sorveteiros e bons velhinhos.
As pessoas não enxergam que homens velhos sempre serão homens? Eles sempre serão maus. Está em suas naturezas.

Seu antigo carro entrou no estacionamento e eu fechei os olhos, repassando meus princípios e valores em minha mente.

-- Ele vai estuprá-la. -- Max murmurou ao meu lado.

-- Eu sei. -- Sussurrei.

-- Vai fazer com ela o mesmo que Liam Jaguar teria feito com você quando tinha 7 anos. -- Não pergunto como ele sabe disso, não me importo.

-- Eu sei.

-- Ela pode morrer, princesa. É uma criança.

-- Eu sei.

-- Não irá aparecer alguém para salvá-la, como aconteceu com você, Lilith.

Me viro para ele, abrindo os olhos.

-- Está errado.

Me levanto.

Vou até o armário no canto, o abrindo pela primeira vez desde que papai me mandou ficar longe, ao menos que fosse estritamente necessário. Vejo a coleção de armas do meu pai. Suas lindinhas, como ele costuma chamar.

-- Caralho! -- Max assobia, admirado.

Prendo meu cabelo loiro em um rabo de cavalo e pego uma pistola 9mm.
Olho para Max que me observa, com um brilho assustador e quente nas safiras.

-- Não preciso de você para fazer o meu serviço sujo, senhor Osíris. -- Debocho de seu nome.

Max sorri perversamente para mim, se aproximando do armário.
O vejo tirando sua jaqueta, e pegando uma pistola 45mm, com uma cobra em formato de O cravado no punho. Ele pega dois silenciadores no armário encaixando na sua e vindo até mim para colocar na minha.
Sua mão pega minha arma e enquanto ele coloca o silenciador, seus lábios frios e macios raspam em minha testa, enviando choquinhos pelo meu corpo.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora