Capítulo 20

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Inveja.
No dicionário: Desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem.

Lilith.

O ar pesado e sufocante, escapa de meus pulmões, deixando um rastro de puro fogo para trás...
Max continua me olhando, com aquelas safiras sombrias e encantadores.

Um beijo.

Ao contrário da maioria das meninas da minha idade, antes de Max Osíris chegar em minha vida, eu nunca tinha pensado sobre isso.
Beijar.
Para mim, beijar sempre pareceu algo distante e fora da minha realidade. Afinal, nenhum garoto conversava com a garota esquisita do motel. Bem, ninguém além de Tom, e eu com certeza não me via beijando o garoto tímido que cresceu atrás de mim.

Lembro de uma vez ter paralisado no meio do corredor da escola, ao ver um garoto do time de futebol com a língua enfiada na garganta de Amber. Fiquei olhando, enquantos suas cabeças se mexiam e suas salivas faziam barulhos de estalos.
Parecia nojento.
Eu quis vomitar.
Naquele dia, prometi a mim mesma que nunca faria aquilo.

Mas agora...

Encarando os lábios carnudos e bonitos do idiota na minha fente, pela primeira vez noto a pequena cicatriz no canto direito. Uma marca tão pequena que eu nunca tinha reparado antes.
Eu não acho mais tão nojento quanto antes...

Uma memória de Max e Amber se beijando no meio do refeitório, retorna a minha mente, causando um fervilhar em meu estômago...
Porém, dessa vez, essa sensação que invade não tem nada a ver com o nojo e aversão, e sim...ansiedade.

-- Como vou saber que não quer apenas se aproveitar de mim? -- Indago, tomando uma respiração trêmula.

-- Vai ter que confiar em mim. -- Seus lábios se entreabrem, formando um sorriso sarcástico.

-- Eu não confio em você.

-- Lilith. -- Suspira. -- Você veio até mim, princesa. Quer que eu a leve? Então, pague o preço.

Mordo o lábio, e desvio o olhar de sua boca, sabendo que perdi essa batalha.
Max tem algo que eu quero, e ele quer algo que eu tenho.
Algo que ninguém nunca teve...
É até irônico pensar que Max Osíris dá a mínima para o primeiro beijo de uma herdeira Apodyopsis.

Naquele momento, fixando meu olhar em uma árvore distante e escura, pela falta de iluminação nessa parte do Motel, penso na merda de vida que eu teria tido se fosse uma garota Apodpysius.
Duvido que Max estaria disposto a me beijar, se eu fosse uma das garotas do seu clube.

-- Princesa? -- Minha atenção volta para os lábios de Max, quando sua voz calma invade minha audição.
-- Não preciso cobrar o preço agora.

-- Está falando sério? -- Estreito os olhos para o seu sorriso de canto.

-- Estou.-- Confirma. -- Aqui não é o melhor lugar.

Max estampa um sorriso sarcástico, e sua mão busca a minha, entrelaçando nossos dedos. Eu permito que acaricie minha pele com o polegar, enquanto me olha com malícia.

-- Afinal, o trato só termina se eu parar de beijá-la, Lilith... -- Suas safiras se cravam em mim, e eu perco o fôlego. -- ...E eu não pretendo parar.

Sem nem perceber, dou um passo a frente, e Max envolve minha cintura com a mão livre.
Estamos tão perto, que meus seios cobertos com um vestido fino, esbarram em seu abdômen. Sinto inúmeros choques se espelharem pelo meu corpo, como se algo dentro de mim gritasse para fugir, e ao mesmo tempo...para ficar.

-- Quer dizer que se eu lhe der meu primeiro beijo, você vai me ajudar? -- Questiono, mantendo a voz baixa e nossos olhares conectados.

Max se inclina até seus olhos ficarem na minha altura, e nossos corpos estejam completamente colados.
Eu não recuo.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora