Capítulo 26

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Max Osíris.

Eu sempre acreditei que a melhor forma de aprender algo importante, era observando os erros dos meus pais.

Meu pai tentava me repreender quando eu era criança, me mandando falar mais e interagir na mesa de jantar, para que minha mãe ficasse feliz, já que ele não conseguia falar por muito tempo. Isso exigia demais de sua paciência, Edgar preferia nos observar.
Mas eu confesso que detestava conversar com a minha família, mesmo que eu amasse todos que estavam ao meu redor.

Minha mãe estava sempre feliz e animada, como se vivesse em um mundo longe das merdas do meu pai.
Eu a observava, enquanto comia com seus gestos refinados e polidos. Minha mãe teve uma educação do tipo que apenas princesas recebem, ela tinha uma etiqueta que nem o dinheiro poderia trazer aos Osíris. Porque ela não pertencia a nós, ela nunca pertenceu.

Meu pai era um filho da puta egoísta por mantê-la afastada do seu mundo, apenas pelo seu bel prazer de tê-la em suas mãos.
Seus longos cabelos ruivos caiam por suas costas, seguindo o desenho de seu vestido branco, como de uma noiva. Meu pai sempre escolheu suas roupas, suas maquiagens...minha mãe foi inteiramente moldada para caber nas mãos do desgraçado que a conheceu na infância.

Mamãe parecia uma fada, uma pintura quase etérea, no meio de todos nós. Todos achavam que ela era apenas um objeto de decoração que meu pai gostava de se gabar por possuir. Mas eu sabia que ela podia escutar melhor do que qualquer um nessa mesa.
Me perguntava porque nunca tentou fugir, ou porque nunca se rebelou contra as ordens do homem que a sequestrou, há tantos anos atrás. Ela não tinha medo dele, eu podia ver a suavidade em seus olhos cor de jade quando o olhava.

Porém, ela não podia amá-lo.
Certo?
Como alguém poderia amar o homem que arruinou sua vida?

Ele foi responsável por arrancá-la dos braços de sua família rica e conservadora e trazê-la para um mundo cruel e cheio de perversidades.

Laiza não nasceu nesse mundo, mas uma parte de mim, agradecia por ela nunca ter tomado ciência desse fato e permanecido entre nós, sendo nosso elo. Eu amava muito a minha mãe, e estava pouco me fodendo para os erros que a trouxeram até aqui.

Deslizei meu olhar até o homem que me criou, vendo os poucos fios prateados irromperam por seus cabelos negros, denunciando sua idade, assim como algumas rugas de severidade em seu rosto. Seu olhar afiado estava sobre mim, e eu sabia que ele tinha percebido a atenção que coloquei sobre a minha mãe.
Meu pai se tornava um homem doentio quando o assunto era sua querida Laiza. Eu já tinha perdido a conta de quantos homens ele matou, ao longo desses anos, apenas porque eles olharam demais para o que não os pertencia.
Ele era obcecado por ela, em um nível que nem mesmo eu podia compreender.

Era diferente do que eu sentia por Lilith River.
Era mais intenso, mais selvagem, mais insano...

Ninguém que prezasse por sua vida, olharia mais de uma vez para Laiza Osíris. Ou pode ter certeza, que a pessoa não acordaria no dia seguinte.

Ele cometeu erros quando a conheceu, mais ainda quando a sequestrou e engravidou. Eu não precisava saber dos detalhes, mas sabia que havia algo grande por trás de sua bizarra história de amor. Porra! Eu apareci em rede nacional, nos braços de uma garota de 17 anos, quando eles voltaram para o país e meu pai foi preso por sequestro e estupro de menor.
Minha mãe o defendeu, lutou por ele até que fosse solto. Ela poderia ter fugido, antes que ele se libertasse por conta própria e começasse a caçá-la.

Por que não fugiu?

Bem, eu deveria ser grato por ela ter ficado, ou então, Emy não nasceria menos de dois anos depois de toda aquela confusão.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora