Capítulo 33

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Lilith River.

Sinto que desde que conheci Max Osíris, minha vida está pautada em uma simples pergunta:

O quão rápido posso correr antes que ele me encontre?

Assim que a caminhonete do senhor Castelli deixou a rua escura, Thomas e Max começaram a conversar baixo demais para que eu ouvisse. Aproveitei que não estavam prestando atenção nas redondezas, e comecei a correr.
Tinha sido burra por ficar à espreita para observar a interação dos três, mas eu precisava saber que eles não matariam o governador.

Eles não o mataram.

Na verdade, o senhor Castelli parecia ter tudo sob controle. Como se os primos Osíris não fossem nada para ele.

Eu realmente admirava aquele cara.

Minha respiração estava ofegante, e podia ouvir meus passos estalando contra o asfalto das ruas desertas de Crowford. Eu estava cansada. Queria parar de correr e tentar regular minha respiração, mas eu não podia.
Era como se, além de Max, uma nuvem carregada de dor me perseguisse. Esperando o meu momento certo de fraqueza para me atravessar e destruir.

Cruzei a última rua, quase chorando de felicidade ao ver o letreiro do Motel River no fim da estrada sinuosa. Me esgueirei pelas árvores no acostamento, indo em direção à uma trilha que eu sabia que estava por ali.
Os barulhos da floresta me assustavam e meu pescoço começava a doer de tanto olhar para trás, esperando encontrá-lo atrás de mim. Eu não sabia onde ele estava.
Max poderia estar me espreitando entre as árvores com um sorriso cruel no rosto, ou ainda estar no centro da cidade com Thomas, onde os vi pela última vez.

Afastei as folhas e galhos do meu caminho para poder encontrar um dos portões de acesso do Motel. O muro que cercava a propriedade era muito alto para que alguém tentasse pular sem quebrar alguns ossos, sem contar a cerca elétrica.
Meu pai reforçava os arredores dia e noite, e agora, sabendo que abrigavamos um criminoso altamente perigoso, me perguntava se não era esse o motivo de tanto cuidado com a proteção do Motel.
Passei as palmas das mãos pelos tijolos do muro, tateando e procurando pelo o tijolo que estava solto.

-- Por favor...esteja aqui. -- Supliquei baixinho, ao retirar o tijolo e enfiar minha mão no espaço vazio.

Senti o metal contra a ponta dos meus dedos e retirei as chaves do portão dessa ala.
Meu pai costumava deixá-las escondidas, pois sempre transitava nas redondezas para capinar o terreno e fazer rondas de segurança.
Fui até o portão de ferro e o abri, me esgueirando para dentro do Motel.

Eu me sentia mais segura aqui dentro.

Sabia que era um erro voltar para casa, com Max me procurando incansavelmente lá fora. Mas eu precisava encontrar o meu pai e convencê-lo a ir embora dessa cidade.
Não era mais seguro permanecer aqui.
Não se tratava mais dos jogos de Elijah Osíris, eu tinha certeza que o governador não descansaria até ver todos os Osíris e seus cúmplices atrás das grades.
O senhor Castelli sabia meu sobrenome, graças à Max e seus acordos estúpidos. Seria apenas uma questão de tempo até que ele viesse me procurar.

Eu não sabia o que sentia com relação a sua preocupação por mim.
Por um momento, quando estávamos naquele carro e ele me ofereceu a oportunidade de uma vida melhor, eu realmente acreditei em suas palavras.
Eu estava pronta para largar tudo o que tinha e ir embora com um desconhecido que me prometia paz e felicidade.
Eu queria frequentar uma escola em Meridian, como ele disse, queria ser amiga de sua filha e ser normal.

Sentia que poderia fazer aquilo.
Ele estava me dando uma chance de ser boa.

Mas tudo se perdeu, tão rápido quanto chegou, e eu me vi sozinha novamente.
Não existia espaço para o senhor Castelli na minha vida. Eu tinha que me salvar sozinha.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora