Capítulo 37

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Lunna.

-- Vamos, logo! Estou sem paciência hoje, anjo. Coma essa porra!

Virei meu rosto, ignorando suas ordens.
Elijah estava parado sob o portal da porta do quarto. Eu sabia que seus olhos azuis estavam presos em mim e que, provavelmente, ele me olhava com nojo. Eu podia imaginar o que ele via ao me encarar. Uma mulher de trinta e cinco anos que estava se afundando em sua tristeza.
Ele não me tocava mais.
Tinha repulsa de mim.
Fechei os olhos.
Eu sempre odiei o seu toque mais do que de qualquer outro homem.

-- Você não está me ouvindo, sua vadia? -- Gemi, quando senti seus dedos ásperos apertarem o meu maxilar. -- Acha que se matando vai conseguir escapar de mim?

Eu não me importava.
Abri os meus olhos, lendo a raiva e diversão que banhava suas safiras.

-- Ah, minha linda... -- Esfregou a ponta do polegar em meus lábios secos e craquelados pela falta de água. -- ...esqueceu que tenho seus filhos para me divertir? Uma linda menina curiosa e um garoto retardado.

Aquilo me atingiu.
E mesmo que ao longo dos anos eu tenha me tornado muito boa em esconder minhas emoções de Elijah, ele me conhecia bem o suficiente para saber que suas palavras rasgaram o meu coração.
Thomas e Lilith.
Eles eram tudo o que me restava no mundo, depois que o homem a minha frente me enganou com suas mentiras.

Elijah riu baixo, se deliciando com as lágrimas que enchiam os meus olhos. Seu aperto em meu queixo aumentou, mas nada poderia se equiparar com a dor que eu sentia consumir a minha alma.

-- Abra a boca, garota travessa. -- Ele forçou me maxilar e eu cedi, abrindo a boca. -- Por que não fazemos um pequeno acordo, o que acha? Você se senta no meu colo e eu te levo para ver as estrelas... Garotas bonitas, como você, não podem ficar em um lugar como aquele trailer velho.

Ele repetiu as palavras que me condenaram há 20 anos atrás.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto quando ele enfiou uma colher de sopa em minha boca. Ele soltou o meu queixo, passando a afagar os meus cabelos enquanto eu me forçava a engolir a comida. Já fazia tanto tempo que eu não comia, que assim que a comida atingiu o meu estômago senti vontade de vomitar.

-- Mesmo suja e magra, você continua sendo a minha perdição, Lunna. -- Beijou meus cabelos, enquanto colocava outra colher de sopa em minha boca. -- Está vendo como você não precisa me temer? Nenhum de vocês precisa... eu apenas quero aquilo que é meu. Você me entende, não é, amor?

Engoli mais uma colherada da sopa. Eu estava me esforçando para não vomitar com suas palavras. Já tinha me acostumado com suas punições, mas eu odiava a incerteza do que viria a seguir. Elijah sempre variava em suas torturas e era isso que realmente me fazia desejar a morte.
Havia vezes que ele me espancava e estuprava ou outras que simplesmente não aparecia por semanas. Eu não sabia o que era mais doloroso.
Odiava quando se forçava em mim, mas também quando me deixava aqui sozinha no escuro.

-- Eu sabia que você me entenderia... Você sempre foi especial, Lunna. Foi por isso que eu te trouxe aqui, lembra? Eu te salvei daquela vida e perdoei sua ingratidão.-- Elijah afastou a colher da minha boca, erguendo o meu queixo para que eu pudesse encará-lo. Sua boca encontrou a minha e eu cerrei os olhos com força, sentindo larvas deslizarem sob minha pele. -- Lembra como costumava ser inocente e indefesa? Quando olho para sua filha, vejo nela a garota que vivia em um trailer e comia as sobras que encontrava no meu lixo. Você era tão linda...Lilith é bonita, mas nunca chegará aos seus pés. Mas eu serei muito feliz, tendo vocês duas para mim.

Ele riu baixo.

-- Que homem não seria, não é? Vocês duas são tudo o que eu desejo. Tudo o que Michael River tem.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora