Capítulo 31

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Lilith River.

Minhas pernas doem ao sair do prédio, sem conseguir parar de correr do perigo que sei que está me espreitando a cada passo.

-- Porra, Lilith! -- Escuto o grunhido de Max, o que apenas me faz correr mais rápido.

Me escondo atrás de uma caminhonete preta, sentindo meu pulso latejar e meus pulmões reclamarem com a falta de ar. Ouço os passos abafados de Max, a medida que ele distancia para o outro lado do estacionamento. Coloco minhas mãos sobre meu rosto, sentindo minhas bochechas ardendo pelo exercício forçado.

Merda!
Eu odeio correr.

Fecho meus olhos, aceitando a brisa suave que dança por minha pele, acalmando meus batimentos cardíacos acelerados.
As lágrimas ardem por trás dos meus olhos, e eu me entrego a dor e o cansaço, antes de voltar a fugir. Porque eu precisava continuar correndo.

Abro os olhos, quando de repente sinto o ar quente com cheiro de uísque acertar o meu rosto, e todas as células do meu corpo vibraram em antecipação. As íris douradas me cativam e ameaçam me tragar para si, e eu sufoco um grito de pânico, não querendo revelar meu esconderijo e correr o risco de Max me encontrar.

-- Quem fez uma garota tão bonita chorar? -- Ele sussurra com a voz mais rouca do que imaginei, quando o observei.

Suas mãos grandes espalmam a porta do carro atrás de mim, seus braços se tornando barras de ferro ao meu redor, me cercando.

Ofego, sentindo meu coração voltar a bater enfurecido, enquanto o cheiro penetrante de seu perfume importado chega aos meus pulmões. O homem a minha frente me analisa com um interesse fora do comum, e eu me mantenho parada.

Como um coelhinho indefeso, esperando que o lobo se afaste.

Seus dedos longos tocam em uma mecha do meu cabelo loiro, analisando a textura, mas sem tirar os olhos de mim.

-- Não vai me dizer? -- Sua voz rouca volta a sussurrar.

Engulo em seco, e tento sair de perto do homem que pode me destruir. Solto um gemido de agonia ao sentir suas mãos em minha cintura, me impedindo de fugir. Um soluço rasga a minha garganta, enquanto as lágrimas continuam a cair pelo meu rosto.

-- Eu não gosto de ser ignorado, menina. -- Seu braço envolve minha cintura e escuto a porta da caminhonete sendo aberta. -- E gosto menos ainda de ver menores de idade chorando contra o meu carro.

-- Me deixe ir embora! -- Grito, batendo no vidro, quando ele me tranca dentro da cabine.

O governador entra na caminhonete, se sentando no banco do motorista. Ele nem ao menos me olha, enquanto dá partida e sai do estacionamento.

-- Por favor...por favor, me solte! -- Imploro, soluçando e me engasgando com meu choro.

Tento abrir as maçanetas, mas estão todas travadas. Sinto meu peito apertar de um jeito sufocante, e uma sensação de claustrofobia tomar o meu corpo.
O senhor Castelli continua inabalável, e eu começo a tremer quando ele para na saída do lugar tenebroso, ainda com inúmeras pessoas sendo barradas na porta de entrada. Vejo Max parado ao lado de seu primo, rondando as ruas laterais, olhando ao redor, como se procurasse algo.
Bato no vidro, tentando de algum jeito chamar sua atenção, mas não adianta.

O carro volta a acelerar, e eu me encolho no banco, ao perceber que não tenho como fugir, até que ele saia do carro. O que estou pensando? O senhor Castelli poderia fazer o que quiser, e ninguém nunca descobriria.
Eu não tinha chance.

Mas tinha que tentar.

Pisco, sem entender, quando seu paletó cai sobre meu colo. Encontro seu olhar pelo reflexo do retrovisor, e mais uma vez, sinto que estou sendo consumida pelas chamas.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora