Capítulo 17

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Lilith.

"Vadia Apodyopsis"

Eu nunca imaginei que alguém pudesse se afogar, mesmo estando bem longe d'água no momento.
Olhando para as letras escritas em vermelho na porta do meu armário, sinto que estou me afogando dentro de mim mesma.
E eu não faço a mínima ideia de como voltar a superfície.
Não sei como respirar.

"Vadia Apodyopsis"

Releio aquelas duas palavras asquerosas e perversas, sentindo meu cérebro desligar cada vez que corro meus olhos por aquele borrão vermelho contra o ferro cinzento.
Repetidas vezes.
Olho para aquele escrito tanta vezes que perco a conta.

Meus pulmões doem com a falta de ar, um nó apertado se fecha em minha garganta.
Eu novamente, perdi a minha voz.
Deixei que me tornassem um nada.
Uma fraca.
Com nada além do medo correndo em minhas veias.

Não posso gritar.
Não posso fugir.

Tudo o que me resta é ficar paralisada na frente daquele punhal cravado no meio do meu coração, com os pés fincados no chão, ignorando todos os cochichos e risadas ao meu redor.

Todos estão lendo isso.
Estão rindo de mim.

-- Lilith? -- Ouço uma voz rouca e familiar me chamar, mas não consigo responder.

Não consigo afastar minha atenção daquilo.

Vadia Apodpysius.

Por que Max faria isso?

-- Lilith?

Alguém me vira de repente, arrancando meus pés do chão, e me tirando a pouca resistência que ainda restava dentro de mim.
Azul.
Analiso a imensidão de seus olhos azuis, com lindos traços de preto no interior de suas íris, próximos às pupilas levemente dilatadas.
Como se fosse um lindo sol negro refletido em um mar revolto, após uma tempestade intensa.

Por que ele faria isso comigo?

Mesmo que eu não fale nada, acho que a dor que sinto em meu coração está clara em meus olhos, já que Max balança a cabeça em negativa.

-- Não fui eu. Eu não escrevi isso, Lilith. -- Sussurra, perto do meu rosto.

Eu não acredito.

Por que deveria acreditar?

Ele mesmo já disse essas palavras para mim. Então, por que eu deveria acreditar na sua inocência agora?

-- Lilith, acredite em mim. Por favor, apenas confie em mim. -- Implora, suas mãos segurando os meus braços com mais força, como se eu pudesse escapar de seu aperto a qualquer instante.
-- Não fui eu, princesa.

-- Vadia Apodyopsis. -- A voz melodiosa de Amber interrompe suas desculpas.
-- Agora já sabemos o que você faz atrás das paredes daquele motel, Lilith.

Com um pouco de controle, desvio meu olhar de Max para encarar a menina que estampa um sorriso enorme e cruel ao ler as palavras em meu armário, fazendo questão de me humilhar mais ainda.
Amber Laurent está sorrindo como uma cobra em completo êxtase, por finalmente pegar sua presa.

-- Conte-nos, Lilith River. Qual é o preço de seus serviços? -- Seu tom é alto, fazendo um espetáculo para todos os alunos que nos assistem.

Todos vibram em risadas.
Alguns até mesmo apostando quanto eu meus serviços deveriam custar.

Meu estômago embrulha, e não posso evitar de me encolher sob o aperto de Max.

-- Acho que vou dar uma passada no clube depois da aula. -- Escuto Ian Clark, o capitão do time de futebol, conversando com um dos amigos do time.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora