Max Osíris.Ofereço uma cerveja a Thomas e me sento na calçada da praia, ao seu lado.
Meu primo está distraído esses últimos dias, e porra, eu também. Sei que a causa de seus transtornos é o mesmo que o meu:
Uma garota.-- Como estão as coisas no clube? -- Indago, só depois de tomar um gole generoso da minha cerveja.
Thomas arregala os olhos ao perceber que lhe fiz uma pergunta. Mais uma coisa que tem se repetido, desde que passei a dormir no Motel River e não participar tanto quanto deveria dos negócios. Na maioria das vezes que encontro o meu primo, ele está mais focado com as merdas que giram em sua mente do que no ambiente ao seu redor.
Se meu pai soubesse que seu principal cobrador de dívidas está tão distraído...-- As mesmas porras de sempre. -- Dá de ombros. -- Meu pai convenceu tio Edgar a colocar garotas mais jovens e se livrar das mais velhas. É tudo o que eu sei.
Levo a garrafa até meus lábios novamente, fechando os olhos ao sentir o gosto levemente amargo.
Porras e mais porras.
Eu nunca vou me surpreender pelas porras que meu tio inventa. Mas se posso ser um completo filho da puta por um momento, seu alvo direcionado a Lilith River apenas me ajudou a conseguir o que eu sempre quis.
Agora, eu tenho sua confiança.
Lilith perdeu completamente aquela merda de gatinha arisca quando eu era, abertamente, um babaca. Quem diria que alguns sorrisos e provas da minha confiança poderiam fazer em tão pouco tempo. Eu sempre acho que estou em um dos meus sonhos, ao observá-la dormir tão de perto, podendo facilmente sequestrá-la como meu pai fez com a minha mãe.
Mas seria uma piada de péssimo humor, não? Repetir os passos de Edgar Osíris nunca esteve nos meus planos. Não quero ser um sequestrador de merda, ou, se eu estiver certo sobre minhas suspeitas sobre o que meu pai fez à minha mãe, um estuprador.Porra!
Eu já poderia tê-la nos braços, senão fosse pela regra que o babaca do meu pai impôs de não tocá-la até ter seus dezoito anos. Uma regra que existe apenas para me testar. Ele sempre gostou de dizer que éramos iguais... Edgar espera que eu quebre a maldita regra e quebra a aliança que ele tem com Michael.
Mas eu não vou fazer isso.
Nunca lhe darei essa vitória.Então, eu apenas a observo, anseio pelos seus próximos três aniversários, e tento manter aquela garota viva.
Confesso que esse último tem sido complicado, considerando o modo como Lilith atrai a morte para a sua vida.
É como se o ceifador rondasse ao seu redor, buscando sua alma.
Bem, ele terá que passar por mim antes de chegar em Lilith.-- Suponho, que sua mãe não esteja muito feliz com isso. -- Sorrio de canto, olhando de soslaio para Thomas.
Meu primo parece cansado e ainda mais fodido do que o normal, o que me faz pensar no que Emily aprontou dessa vez. Minha irmã tem a péssima mania de achar que ninguém pode vê-la, mas eu vejo. Nós somos iguais, em todos os sentidos.
E sei exatamente cada passo que aquela garota dá, inclusive quando ela e Thomas...ocupam o mesmo espaço, se posso dizer assim.
Mas eu evito interferir. As consequências cairão sobre ela, uma hora ou outra. Eu só preciso esperar.Analiso o meu primo, percebendo o quanto está destruído fisicamente.
Os olhos verdes de Thomas estão opacos, rodeados de olheiras roxas de cansaço. Ele nunca dormiu muito bem, mas pelo visto, o pouco que conseguia se tornou inexistente.
Seu cabelo preto perdeu todo o corte baixo e militar que costuma usar, junto com a sombra escura em seu maxilar me diz que ele não vai ao barbeiro há alguns meses.-- Eu não me importo com Lunna. Mas, sim. Ela tá muito puta com essa porra.
-- Não é a primeira vez que Elijah tenta acabar com ela. -- Lembro. -- Isso o torna fraco. Lunna sempre consegue vencê-lo, de qualquer forma. Ela é esperta.
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Segredos Profanos [CONCLUÍDO]
Romance1° livro da trilogia Profanação. Lilith River é uma garota tímida e retraída. Sem amigos, ela sempre sentiu que era sozinha no mundo, não era merecedora da confiança de ninguém. Mesmo que não tivesse culpa em saber de todos os segredos da cidade, er...