Capítulo 30

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Lilith River.

-- Vamos lá, princesa. A diversão nos espera.

Max puxa a minha mão, nos distanciando da moto estacionada no amplo e escuro estacionamento. Eu não sei onde estamos, mas pelas luzes vermelhas do letreiro escrito "Se deleite com os pecados da meia noite...", diria que Max não estava brincando quando se referiu a si mesmo como um demônio, pois esse lugar me parece e muito o inferno.

Eu não tenho certeza se quero estar aqui.

O prédio alto se torna nítido a nossa frente, e vejo a fila gigante de pessoas na entrada, tentando passar pelos seguranças de quase dois metros de altura. Aperto a mão de Max, enquanto tento abaixar um pouco a saia do vestido curto que ele me fez colocar.

Segundo ele, esse não era o lugar para uma menina frequentar.

Então, mesmo que eu tivesse fazendo 16 anos hoje, e fosse uma menina, precisei me vestir como uma mulher.

Eu estava sem meus óculos, usando as lentes de contato que compramos no centro, e meu cabelo estava arrumado, parecendo mais loiro e volumoso do que realmente era. Me sentia estranha, minha pele parecia queimar e podia jurar que todos estavam olhando para mim, enquanto Max e eu caminhamos na direção da entrada, sem ficar na fila.

Max encarou o segurança da entrada por alguns segundos, e o homem abriu as portas para nós, sem nem piscar ou pedir nossas identidades.
Olhei para trás, vendo algumas das garotas da filha, ficando boquiabertas e me analisando de cima a baixo, enquanto entrávamos pelas portas de ferro.

A primeira coisa que senti ao entrar naquele lugar escuro e diferente, foi a descarga no ar. Aquela estranha sensação que nos invade antes de algo ruim acontecer. Eu não sabia explicar o que havia de errado, mas era como se o cheiro de suor que revestiam àquelas paredes, me lembrassem algo sujo e profano... A música alta ecoava pelo lugar, fazendo as paredes tremerem a cada batida da melodia sensual.

-- Não saia de perto de mim, Lilith. Isso aqui não é brincadeira. -- Max sussurrou perto do meu ouvido, seu cheiro amadeirado invadindo as minhas narinas e afastando o odor pungente do lugar que se impregnava em meus pulmões. -- Você pediu para que eu te mostrasse tudo o que estava escondendo, e farei isso. Mas precisa entender que o Motel não é o único lugar sórdido dessa cidade... Existe muito mais do que aquilo que seus olhos podem ver.

Então, após subirmos uma escada lateral, entramos em alguma sala paralela. No mesmo instante, fui invadida por todas aquelas sensações intensas ao visualizar o grande e amplo salão abaixo de nós, e as luzes vermelhas dançando pelo teto. Max nos aproximou do mezanino, para que pudéssemos olhar para o piso inferior, onde homens e mulheres dançavam ao redor dos bastões de ferro, fixados no teto alto.

Eu podia ver suas peles nuas brilhando com o suor, seus rostos estavam mascarados, por uma renda preta, mas eu sabia que escondiam faces banhadas de beleza, capazes de seduzir qualquer mortal que se aproximasse.

Eram os Apodyopsis.
Isso aqui era o famoso clube Apodyopsis.
A terra sem lei dos Osíris.

E eu não fazia a mínima ideia do porque Max me trouxe para esse lugar.

As pessoas ao redor pareciam tão hipnotizadas quanto eu, assistindo ao show, sem poderem tocar nos corpos sedutores dos dançarinos. A música envolvia o lugar, mas ao contrário de tudo o que já vi, todas as garotas e garotos sobre o palco, pareciam ser parte da música. Seus corpos fluíam na mesma sincronia das batidas, seduzindo todos para experimentarem de seus atributos mais tarde, caso pagassem o preço imposto pelos Osíris.

Max envolve minha cintura com o braço forte, mas seus olhos azuis não se desconectam dos meus ao sussurrar:

-- É bonito, não?

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora