Capítulo 18

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Lilith River.

Quando eu tinha cinco anos, costumava sair escondida de casa.

Eu não gostava de ficar sozinha durante a noite, e mesmo que papai tivesse que trabalhar no Motel, eu queria que ficasse comigo contando histórias para que eu dormisse.

Naquela época, eu ainda achava que o mundo era feito de algodão doce e que não existia nada pior do que os monstros que podiam se esconder embaixo da minha cama ou dentro do meu armário.
Lembro, de sempre pedir ao meu pai que procurasse pelos monstros no meu quarto, antes que tivesse que sair para trabalhar.

Ele nunca encontrava nada.

Hoje em dia, se eu pudesse pedir ao homem que me criou por todos esses anos, que procurasse pelos monstros que me assombram, não me importaria com os que vivem em lugares apertados e escuros...
Os monstros que precisam se esconder de mim, há anos não me pertubam.

Porém, pediria que papai afastasse os monstros que habitam em minhas lembranças, os que eu não posso ver claramente por conta do medo. Os mesmos que me paralisam de tal forma, que entrego minha vida sem nem gritar por ajuda.
Esses sim, me assustam, e me mantém acordada durante todas as noites.

Eu gostaria de voltar àquela época e tentar lutar.

Até o dia que Liam arruinou os meus bons sonhos, eu nunca tinha saído escondida numa sexta-feira. Mas eu sempre fugia para andar pelos corredores do motel, nos dias menos movimentados, quando estava entediada.

Por conta desses anos, explorando e descobrindo, eu sei exatamente quais são os lugares desconhecidos até mesmo para o meu pai.
Os locais onde qualquer um poderia desaparecer, sem nunca correr o risco de ser encontrado.

A eletricidade no ar ao meu redor vibra por toda extensão da minha coluna, me arrepiando minha pele da cabeça aos pés.
Eu pensei muito sobre se deveria procurar por Max hoje.

Antes que eu saísse daquele armário, todos os pensamentos estavam certos em minha mente.

Eu procuraria pelos segredos de Max Osíris, e então, os jogaria pela cidade...para que a brisa fria que anda cobrindo Crowford nos últimos dias, levasse à todos os moradores.

As letras gravadas naquele armário e a humilhação que tomou conta de mim, eram como gasolina para a única coisa que me importava:
vingança.

Sei que Max acha que sou uma garota fraca e estúpida.
E o pior, é que sei que tudo isso é culpa minha.
Ele é como o garoto irritante da pré escola. No começo, puxa os seus cabelos e te belisca, esperando que reaja às suas agressões.
Esperando que chame alguém.
Que se mova, e pare com aquilo.

Ele te desafia.

Eu deixei que Max me pertubasse todos esses dias, e em momento algum tirei sua liberdade para me machucar.
E ele sabia.
Max sempre soube que tinha um bilhete único para entrar no meu coração.
Muitas vezes, sentia que uma parte de mim, no fim das contas, pertencia àquele idiota.

Por isso, eu estava tão confiante de que iria afastá-lo de mim.
Queria que Max tivesse medo do que eu pudesse fazer.
Gostaria que parasse de me machucar, ao ver que eu não era uma garotinha indefesa.

Bem, até que eu abrisse aquela porta e meu mundo desmoronasse sob meus pés, me impor na frente de Max era meu único foco.
Ainda consigo me lembrar do olhar tomado de ódio que o senhor Lestrange me lançou ao sair algemado.
Eu não quis acreditar na acusação que vi refletida em suas íris castanhas.

Ele parecia acreditar que a culpa era minha.

Algo ridículo, pois poderia ter sido qualquer um, até mesmo a garota de dezesseis anos que o acompanhava naquelas noites escondidas.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora