Capítulo 21

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Lilith.

-- Eu não vou montar nessa coisa. -- Cruzo os braços na frente do corpo.

-- Coisa não. -- Resmunga, e observo sua mão deslizando pelo couro do acento, em uma carícia suave.
-- Essa é a garota número 1 no meu coração, princesa. Tenha mais respeito.

-- Eu não sabia que você tinha um coração.

Os olhos azuis de Max se fixam em mim, enquanto sua mão corre por seu cabelo negro e o sorriso bonito surge em seu rosto.

-- Não tenho. -- Dá de ombros, montando sobre a moto. -- Agora, acho melhor subir se quiser que eu a leve.

Reviro os olhos, e jogo minha perna sobre o banco de couro. Odiando ter de fazê-lo, passo os meus braços ao redor de sua cintura, firmando o meu corpo contra o seu.
Sinto meu próprio coração empurrando minhas costelas a cada batida furiosa. Tudo graças ao cheiro ridiculamente agradável e o calor que emana do corpo de Max. É como se cada célula de nossos corpos se atraíssem uma para outra, nos convidando a sempre ficarmos cada vez mais próximos.

-- Pronta, princesa?

-- Não.

Max solta uma risada baixa, causando uma vibrar em meus braços por estarem enganchados em seu corpo.
Eu não deveria gostar tanto de ouví-lo rir, mas eu gosto.
Gosto muito mesmo.
Ele parece menos idiota quando ri.

Sinto o balançar da moto e o característico cheiro de óleo e gasolina subirem pelo ar ao meu redor, quando Max liga o motor.
Inconscientemente, me agarro ainda mais a ele, apertando minhas coxas contras as suas e me arrependendo no mesmo instante de ter posto um vestido.

-- Vá devagar. -- Peço, quando escuto o estalar do pedal deixando o chão.

-- Por que eu faria isso, Lilith?

Um rugido do motor invade meus ouvidos, quando ele acelera sem mover a moto do lugar.
Ele está caçoando de mim.
O motor ruge de novo e solto um gritinho, me odiando por ser tão covarde.

Não respondo a sua provocação e apenas continuo com o rosto enfiado no couro de sua jaqueta, meus olhos firmemente fechados para que eu não veja a face da morte.

-- Confie em mim, princesa.

A moto começa a se mover devagar contra o asfalto. Me pergunto como Max consegue respirar com o meu aperto sufocante ao redor de sua cintura. Abro os olhos, quando paramos de nos mover de repente. Vejo quando o portão de acesso a rodovia antiga da cidade, nos fundos do terreno do Motel, é aberto.

-- Como tem acesso a esse portão? -- Indago, com os lábios próximos de sua orelha.

Max vira o rosto para a direita, a ponta gelada de seu nariz roçando contra minha bochecha, me fazendo prender o fôlego.

-- Me deixe com os meus segredos, e eu a deixo com os seus.

Posso sentir o sorriso em sua voz, antes que o som alto do motor se sobressaía e ele se afaste de mim, entrando na rodovia.

O vento assobia, agitando meus cabelos e levantando a saia do meu vestido, a medida que cortamos a resistência do ar.
Meus cabelos ficam para trás, e eu não posso evitar o sorriso puro e feliz que se abre em meu rosto com a emoção daquele momento único e eletrizante.
O aroma do couro, misturado com terra molhada, se infiltra por minhas narinas e eu me perco em Max e na velocidade, não me permitindo sentir o tão familiar medo.

Aos poucos, vou ganhando coragem e relaxo o aperto ao redor de Max para poder assistir a paisagem escura que corre a nossa volta, como se estivéssemos cortando o próprio espaço-tempo. As árvores passam em uma velocidade assustadora, deixando o Motel e os carros na rodovia para trás, o que me faz ter ainda mais certeza que estamos indo rápido demais.
Mas não posso negar que isso tudo é extasiante.
Fecho os olhos, sentindo o vento gelado atingindo minhas bochechas quentes, esfriando a adrenalina que corre pelo meu corpo.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora