Capítulo 15

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Tudo nessa história se trata de segredos, não?

Lilith.

-- C-cupcakes? -- Tom me estende uma caixa de cupcakes, assim que entro na cabine do drive.

-- Não, obrigada. -- Faço uma careta ao lembrar de Max.

Droga.
Eu gostava mesmo de cupcakes, antes de ter que passar quase duas horas limpando aquela coisa nojenta do meu armário.
Odeio Max Osíris.

-- Seu p-pai deixou que voltasse a-à trab-balhar? -- Indaga, confuso ao ver que estou contortavelmente sentada em minha cadeira.

-- Bem, já faz uma semana e nada do Stuart. Então...-- Deixo o restante das palavras no ar.

Não, eu não ganhei a autorização de Michael River para voltar.

Nos primeiros dias da minha recuperação meu pai foi literalmente insuportável. Depois que eu contei que Max Osíris não iria fazer seu papel de guarda costas, meu pai meio que assumiu esse lugar da melhor forma possível.

O que eu quero dizer com isso?

Bem, minha semana foi basicamente resumida entre escola e a minha cama.

Eu não podia sair.

Não podia nem ao menos ir de bicicleta para a escola. Tom me levava e buscava todos os dias.

Foi um inferno.

Porque além de não poder me esforçar e lutar contra os meus direitos, graças a incrível surra que me colocou nessa situação, eu ainda tinha que conviver com o sorriso presunçoso de Max Osíris.

Era como se ele me perseguisse em toda a parte.
Para todo o canto que eu me virasse, ele estava lá. Me olhando como se eu fosse sua próxima refeição.
Seu olhar, seu sorriso, até a curva perfeita e angulosa de seu nariz me chamavam de fraca e indefesa.
Ele fazia com que eu me sentisse uma garotinha ingênua que precisa de proteção...
Max era um lembrete diário da minha instabilidade sobre mim mesma.

E hoje, depois de sete dias aceitando ordens em pról da minha melhora, eu decidi mandar o idiota do Max Osíris se foder.

É claro que ao vê-lo mais cedo, sentado ao meu lado no balcão de carpinteiria, eu não o xinguei, nem o mandei ir para lugar algum...
Eu simplesmente, tentei me manter imóvel.
Não ousei nem respirar muito fundo perto dele, sabia que estava prestando atenção em todos os meus movimentos.
Então, eu só fiquei ali.

-- Lili. -- A voz suave de Tom me desperta dos pensamentos turbulentos.

-- Sim?

Viro meu rosto para a cadeira ao meu lado, vendo os seus olhos bonitos fixos em mim.

-- Cheg-garam. -- Gagueja.

Seu dedo aponta para o vidro fumê. Sigo o caminho direcionado e noto o Pallio vermelho do senhor Lestrange, entrando pela rua do guichê.
Faço os mesmo procedimentos de sempre, só que dessa vez com Tom ao meu lado.
Acho que ele não vai sair daqui tão cedo.

Percebo os cabelos acobreados de Victória no banco de atrás, tentando se esconder dessa vez. Eles devem ter pensado que com o meu pequeno acidente na escada, eu não estaria mais trabalhando aqui.
Acidente na escada...
Foi o que Max disse à todos.
Contou que eu, simplesmente, caí e saí rolando na escada.
E claro, todos na escola acreditaram na sua historinha, mesmo que não me conhecessem e verdadeiramente se importassem com o que aconteceu.
A patética Lilith River tem que ser desastrada.

Assim, que o carro do senhor Lestrange entrou no estacionamento, outro chegou no guichê, mantendo o fluxo agitado da noite.

São sempre as mesmas coisas às quartas: professor e aluna; pessoas dentro do armário, buscando um lugar para serem elas mesmas; incesto; vizinhos; traição; traficantes de quintal...

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora