Capítulo 7

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obs.: esse capítulo contém alguns gatilhos sobre abuso sexual.

Lilith.

Já sentiram algo inexplicável por alguém?
Um sentimento que nem você consegue entender, muito menos, decifrar?
E ao mesmo tempo, tudo que rodeia aquela pessoa te incendeia de jeitos bons e ruins, inesquecíveis.

Nas últimas duas semanas, venho me perguntando o que aconteceu naquele dia.

Depois que Max me abandonou na floresta, com suas palavras rondando minha mente, não consegui mais parar de pensar nele e no que eu não me lembro.
Nesses últimos dias, tenho acordado assustada com os pesadelos mais reais da minha vida. Acordo, sentindo algo molhado deslizar por minha pele, e por mais que eu tente apontar para o meu cérebro que é apenas suor e lágrimas, ele me convence que é sangue.
Sangue carmesim manchando minha pele branca, escorrendo pelos lençóis e imaculando a minha alma...

Aquele sangue não é meu.
Eu sei que não é.
Então, por que me assusta tanto?
E por que eu sempre desejo o calor de seus braços ao meu redor, para me proteger?

Isso é ridículo.
Eu nem ao menos converso com Max Osíris. Desde aquele dia, ele não me dirige uma palavra sequer. Ele nem me olha mais.
Aqueles olhos azuis, que sempre pareceram ler cada movimento meu, agora, estão sempre fixados em algo mais interessante do que a estúpida Lilith River.

Quanto mais ele me nega seu olhar e sua atenção, mais eu a desejo.

É como uma droga.
E eu estou me afogando nos segredos de Max Osíris.
Os segredos que ele detém sobre mim.
É tudo sobre os segredos, não?

Levanto meu olhar do meu livro, ao ouvir a movimentação ao redor do refeitório. Emily está sentada ao meu lado, fazendo uma trança em meus cabelos.
Segundo ela, meu cabelo é muito bonito, e amigas fazem essas coisas umas com as outras. É claro que eu concordei, ainda não sei como essa coisa de amigas funciona, mas nunca poderei negar minha curiosidade perigosa sobre os assuntos que desconheço.

Eu não sei se gosto da sensação de suas mãos pequenas em meu cabelo.
Emily não é muito delicada.
Já perdi a conta de quantos puxões já levei.
Me pergunto se é proposital.

-- Merda! Eu odeio aqueles dois! -- Bufa irritada, dando um puxão no meu cabelo.

-- Ai! -- Exclamo de dor, me virando para ver de quem ela se refere.

Lembram-se do que eu falei sobre minha curiosidade?
Pois é.
Eu gostaria de não ter me virado.

Assim, eu não teria me deparado com a cena mais esquisita da minha vida.
Bem, eu preciso me explicar antes. Não é porque meu pai é dono do maior Motel da região, que eu já tenha assistido a algum dos atos depravados dos hóspedes.

Papai sempre disse que uma boa garota deveria ser comportada, não andar com garotos e nunca deixar que tocassem em seu corpo quando os outros estivessem olhando.
Eu acredito que o pai de Amber Laurent não tenha lhe dito tais coisas.
Caso contrário, ela não estaria sentada no colo de Max Osíris, permitindo que sua boca e mãos devorassem seu corpo, na frente de todos.

Desvio o olhar, sentindo minhas bochechas arderem e a vergonha se instalar no meu estômago como uma pedra.

-- Isso é nojento! Além de ter que aturar aquela cadela ao redor do meu irmão, ainda tenho que ver isso enquanto almoço. -- Emily faz cara de nojo, afastando sua bandeja para o meio da mesa, como se tivesse perdido o apetite.

Não a julgo.
Eu também perdi o meu.

-- Eles estão namorando? -- Pergunto, baixinho, ainda com vergonha.

Segredos Profanos [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora