Capítulo 1

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    Inspire. Expire.

   Inspire. Expire.

   Lembro a mim mesma do que fazer enquanto olho para a tela do meu computador, vários números estão estampados, procuro me tranquilizar enquanto olho para eles.

Ontem a noite não aconteceu. Eu estou de volta, mesmo que tenha acontecido, não voltará acontecer. Voltei para meu habitat e estou segura. Nada de estranhos.

Solto minha respiração, inclino minha cabeça até minhas mãos e afundo nas palmas. Não consigo tirar isso da minha mente. Dormir no quarto de hotel de um estranho, na cama dele.

Dormi na cama de um homem.

Isso é tão impuro.

— Tessa, pode me mandar o número da seguradora de carros da empresa? — Pergunta Robin, surgindo na porta de algo que deveria ser minha sala, mas não é.

Não é uma sala, é só um compartimento onde me colocaram perto dos outros funcionários que não são advogados. Nem mesmo tem uma porta, é um lugar que deveria haver uma porta, mas não há. É um buraco com dobradiças.

— Claro, vou te enviar por SMS. — Respondo, notando minha voz sair com um certo tom irritadiço.

Robin franze o cenho, mas não diz nada além de um agradecimento e logo me dá às costas. Pego meu celular e mando a mensagem. Depois, volto a olhar a tela do meu computador recapitulando a noite de ontem.

Bem, fui a um jantar para encontrar o pretendente da Rose, minha amiga de faculdade. O plano era eu ir no seu lugar, dispensar o garoto enquanto ela curtia uma festa e eu pagava um favor a ela.

Porém, ao chegar até o restaurante houve um tumulto e várias pessoas começaram a vir na minha direção, fiquei estética, sentada na cadeira e com a certeza de que eu iria ser esmagada pelas pessoas que vinham correndo, na direção da saída do restaurante, eu estava no meio.

Eu iria ser arrastada, talvez, pisoteada se mãos fortes não tivesse agarrado meu pulso e me feito correr na direção da saída. Depois daquilo, eu entrei no carro desse mesmo sujeito totalmente assustada: acabara de acontecer um atentado no bairro. Bairro onde moro perto.

— Ei, Tessa — A voz de Robin ressurge, me arrancando dos meus pensamentos, ela gesticula: — Davi disse que alguém está procurando você. Vá até a sala dele.

Sinto um frio na espinha.

Provavelmente, meu primo e empregador irá me perguntar por quê cheguei tarde no trabalho e com a mesma roupa de ontem. Ele não é um parente piedoso, nem mesmo um chefe decente.

Se ele me der um sermão, irei lamentar de várias formas na sua frente até ficar chorosa e ele me mandar para casa. Dessa maneira, poderei tomar um banho e deitar na minha cama e saber o que diabos aconteceu.

Levanto da minha cadeira, caminho até a sala de Davi que fica a alguns bons metros da ala da contabilidade. Meu cabelo está preso, mas a minha franja ondulada insiste em cair no meu rosto. Não tive tempo de passar o pente nele enquanto me apressava para fugir do hotel do desconhecido.

Bato na porta de madeira grossa até ouvir a voz de Davi me mandando entrar, já estou com a cabeça baixa, fingindo arrependimento para poder ir para casa.

— Mandou me cha...

Não completo a frase.

Fico sem ar. Tenho certeza que meus olhos se arregalam ao ver quem está em pé, perto de Davi.

Meu Deus, ele me seguiu!

— Tessa, como você conhece Archie Desmond? — Pergunta Davi, sua voz suando surpresa e gentil.

Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora