Capítulo 9

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           Não é uma surpresa quando a quarta-feira chega e Archie Desmond não aparece no horário. Eu sabia que ele iria desistir após minhas palavras, não às falei da boca para fora e estou grata por ele ter voltada a sua consciência. Uma hora dessas, deve está aproveitando sua vida como sempre.

Saio para meu almoço sozinha, recebendo um olhar rápido de Robin que logo desvia. Estou ciente de que ela anda fazendo fofocas sobre eu ter atraído Archie Desmond até o escritório e que provavelmente sou uma das amantes dele, isso incomoda, mas não tanto ao ponto de eu querer criar uma confusão. Preciso desse trabalho.

Caminho sozinha pela rua do centro de Londres, indo em direção a Notting Hill, preciso comprar alguns livros para ler e revistas antigas para minha mãe, ela adora ler revistas do seu tempo e não tem outro lugar em Londres onde eu possa achar.

Sei exatamente qual loja entrar. Toda a rua possui casas coloridas e diversos comércios, é tão movimentado que praticamente precisa andar esbarrando nas pessoas pela calçada e fugir de vendedores ambulantes. Eu adoro parar, apreciar às flores que estão a venda e ver às novidades da feira livre, porém meu tempo está corrido hoje.

Sorrio para uma vendedora que me mostra um jogo de roupa de cama, agradeço e desejo sorte nas vendas continuando meu caminho até a loja de livros antigos. O sino da porta denuncia minha entrada fazendo o dono acenar discretamente na minha direção.

Caminho até às revistas primeiro, procurando por ano. Encontro de 1960. Folheio a revista até parar em uma página onde uma modelo morena, de olhos azuis, cabelo liso volumoso está pousando para fotos usando uma mini saia e blusa de botão.

Ele se parece com ela.

Brianna Smith. A melhor modelo da década de 60 até 80 e famosa até hoje por ter sido o rosto da moda por duas décadas seguidas. O cabelo sedoso, extremamente preto combina perfeitamente com a pele bronzeada e os olhos de um azul claro.

Ela deve ser uns cinco anos mais velha que minha mãe, não tenho certeza.

Fecho a revista colocando na cesta junto com outras da década de 70, 80, 90. Coloco na cesta livros de medicina chinesa e vou até o caixa pagar por eles.

— Tenha um bom dia, senhorita. — O vendedor me passa às duas sacolas.

Saio da loja voltando a mergulhar no meio da multidão de Notting Hill. Percebo algo estranho a cada passo que dou, como se uma presença estivesse no meu encalço. Não olho para trás, é a pior coisa que posso fazer. Ao invés disso, eu cruzo duas esquinas e saio em uma rua residencial com poucas pessoas. Sinto a ameaça despistada, volto a caminhar até o fim da rua, mas logo um puxão faz com que às bolsas caíam da minha mão e sou jogada na parede. Perco o ar.

Olho assustada para o homem robusto a minha frente.

— Já disseram que você é uma gracinha? — Pergunta, com um tom apreciativo.

Busco ajuda com os olhos, a rua está vazia e todas às janelas parecem cobertas. Não sei que bairro é esse. Nunca estive aqui.

— Me deixe ir embora — Peço, controlando o pânico.

Ele se aproxima, me prendendo entre seu corpo gordo e a parede fria. O sorriso de dentes amarelos e hálito desagradável sopra meu rosto, viro o mesmo com repulsa.

— Por quê não vem comigo para nos divertimos? Tenho um monte dessas revistas...

Seu dedo enrola em uma mecha do meu cabelo e ele se aproxima ainda mais. Lembro imediatamente de Elijah me ensinando a me defender: Acerte na virilha, depois corra.

O homem está próximo o bastante para a defesa, estou preste a executar quando ouço alguém gritar de forma bruta.

— EI!

Between UsOnde histórias criam vida. Descubra agora