Capítulo 30

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Boa leitura 😉💗

                     Antonella_continuação

- Só estou tonta, pode me soltar. - digo para ele, que me segurava para eu não cair.

Acredito em tudo que falou. Faz sentido, meus sonhos, o trauma, tudo isso faz sentido. Não vou ficar negando algo que está na cara, eu sempre senti que tinha algo errado, que eu precisava saber o que estava faltando. Agora sinto uma dor de cabeça terrível.

- Quer água? - Dante pergunta assim que me põe sentada no sofá novamente.

- Não precisa. - Ficamos um momento em silêncio.

- Ele mentiu para te manter segura. Você não precisava saber de tudo aquilo, ele escondeu a parte podre dele, e os perigos que aquilo traria. - Me responde.

- Meu Deus, isso é ridículo! Eu te contei sobre meus problemas, me abri para você. Eu não acredito que, depois tudo isso, você escondeu de mim o motivo das minhas dores. - Coloco uma mão no cabelo e tento respirar fundo. Eu preciso pensar melhor. - Quero ficar sozinha. Eu preciso ir para casa. - Me levanto rápido, pegando minha bolsa. Vou andando até a porta a passos rápidos.

- Espera - Pede, mas não dou ouvidos. - Deixe eu te levar!

Ignoro e saio dalí rápido, ainda com a cabeça latejando e a dor no peito, fleches de memórias me atingem. Estou ofegante e trêmula como no início de uma crise.

Não consigo chorar, não consigo chorar. Nada vem.

Me apoio numa parede para não cair. Ouço a voz de Dante e me viro para olhá-lo.

- Conversa comigo Antonella, porra.- Chega mais perto de mim e segura de leve meu braço para me dar apoio, me encostando na parede. Olho para o chão tentando controlar a respiração.

- Não. Se afasta!- O empurro de leve e saio dalí mais rápido ainda.

- Vai com o meu motorista! - Fala alterado. Tenho que aceitar pois não estou em condições de dirigir.

Quando entro no carro e me encosto no banco, sinto falta de ar. Por longos momentos o carro fica parado. Coloco a mão no peito e aperto a blusa jogando a cabeça para trás, e então penso em tudo o que ele disse, palavra por palavra.

Eu me lembro agora.

Enfim as lágrimas caem, sinto alívio ao conseguir chorar à vontade, mesmo que o motorista esteja no carro, chorar alivia um pouquinho o aperto no peito. Ele não diz nada, apenas liga o motor e conduz até minha casa.

Deus, tira essa dor de mim.

Assim que entro em casa, caio do joelhos no chão e choro como uma criança. Louis deve ter saído, o que é bom para eu poder ficar sozinha e pensar melhor.

Todo esse tempo sentindo falta de algo, com essa escuridão dentro de mim e sempre saindo para tentar achar algo, como se eu pudesse tampar o buraco.

Abraço meu corpo e encosto a testa no chão.
E agora que sei de tudo, é como se fosse hoje, como se eu estivesse acabado de presenciar a morte dela. Eu não consigo controlar os soluços.

Meu pai morreu e levou com ele esse segredo, deve ter se culpado pela morte dela. Eu queria mais do que tudo nesse mundo, uma chance de conversar com ele sobre tudo isso e saber o motivo de ter escondido de mim. Me pergunto se meu irmão sabe. Provavelmente não, pois no dia ele estava na casa de um amigo e meu pai sabia que se contasse para ele, o mesmo me contaria.

Não sinto raiva do meu pai, mas, talvez, se estivesse aqui, as coisas seriam diferentes. Porém, tenho certeza que eu nunca saberia por ele. Isso me magoa também, a mentira. E agora sei que Dante sabia de tudo. Ainda quando contei sobre meus problemas, ele falou que entendia, então foi por isso, por ele saber o motivo...

Me levanto do chão decidida a tentar ser forte e seguir em frente. Agora só tenho que aceitar. Vou para o banheiro lavar o rosto e descer para criar raíz no sofá comendo sorvete e vendo filme. Acabei percebendo que não dei a chave do meu carro para trazerem, mas não vou a lugar algum, não tem necessidade de buscar agora.

Quando estou descendo as escadas ouço um barulho na porta, mas não me assusto, não me importo muito. Talvez seja Dante, não pode ser Louis pois ele sempre bate antes. Talvez seja alguém perigoso mas sempre aparece alguém para me ajudar, confio em Danete mais do que eu deveria.

Então, desço normalmente a escada e quando estou no último degrau para virar a direita e entrar na sala, Dante aparece vindo na minha direção. Acabo soltando um suspiro sem perceber que estava sim apreensiva de quem seria. Mas caio na realidade, não era para ele estar aqui, eu quero ficar sozinha.

- Eu já disse que quero ficar sozinha! - Falo passando por ele e indo até a cozinha.

- Você devia trancar a porta. - Ele abre a boca para me estressar. Tudo nele me estressa, principalmente o fato de eu não conseguir odiá-lo.

- E você devia bater! - Digo, abrindo o congelador.

- Você não abriria. - decreta.

- Exatamente! Porque será?- debocho, pegando o sorvete de morango e abrindo a gaveta dos talheres.

- Eu só... não quero te deixar sozinha. - Fala. Evito olhar para seu rosto, mas sua voz calma já me deixa fraca. Merda, eu não posso amolecer.

- Olha, eu não preciso que além dos seus capangas, você também fique na minha cola. Então vá embora. - Com o sorvete e a colher, vou para a sala, deixo em cima da mesa e subo para trocar de short. Ele me segue.

- O que você quer que eu faça? Eu já te contei tudo! - Ele grita no meio da escada. Sua voz grossa me dá arrepios assustadores. Mas ignoro e entro no quarto.

- Você não precisa fazer nada além de ir embora. - entro no closet.

- Não vou embora até você destruir esse muro que construiu de novo, parar de fingir que não sente nada por mim. - começo a rir, uma risada de nervoso, mas disfarço para que ele pense que estou rindo dele mesmo.

- Eu não construí de novo, ele nunca foi quebrado, eu já falei para você que não teremos nada além de sexo. Mesmo depois daquele dia na sua casa, eu não quero. Mesmo agora que sei o motivo de eu ser... assim. - Falo tirando a roupa na frente dele, pego a calça de moletom na mão e me aproximo dele, que me olha de cima a baixo. - Eu. Não. Quero. Você.- Vejo por um momento sua expressão de raiva enfraquecer. Por um segundo ele enfraquece. Eu não quero ser fraca emocionalmente.

Então ele segura meu pescoço com essa mão enorme e cola meu corpo ao seu.

- Você tem sorte, muita sorte, de ser a única a quem pode falar comigo assim. Vou deixar essa passar, mas não vai achando que se abrir essa boca para falar do mesmo jeito comigo e eu não vou acabar com você, por que do mesmo jeito que eu deixei de ser quem era eu posso voltar. - Enquanto fala me direciona um olhar de fúria, sombrio, um que eu nunca o vi usar. Ele me solta me dando um leve empurrão. Meu olho encheu de lágrimas sem eu entender o motivo, mas não as deixo cair. Talvez seja por ele ter demonstrado que não sente muita coisa por mim, por ele ter mostrado que é capaz sim de fazer algo. Eu não tenho medo, ele apenas quebrou o meu ego como fiz com ele.

Viro de costas e visto a calça, logo em seguida uma blusa preta e larga, sem dizer nada.

- Eu...eu sinto muito que esteja passando por isso de novo, que esteja sentindo essa dor novamente, e mais ainda por eu não ser a pessoa que possa acalmar você, e nunca vou poder ser.- Ele dá uma pausa e olha para a tela do celular.- Em dez minutos Louis chegará. Não confie nele. Ele não é confiável e nem a pessoa certa para você. - Dito isso, ele tira minha chave do carro do bolso e me entrega, a pego e ele dá as contas indo embora. Com certeza ele pegou a chave de mim em algum momento. Solto o ar que nem sabia estar prendendo.

Volto para a sala, ligo a tv, pego o sorvete e escolho um filme qualquer, tudo isso ainda pensando em tudo que discutimos, pensando também que eu não quero mais viver sempre no passado. Talvez para eu me curar vá demorar um pouco, eu só quero voltar a brilhar. Eu não preciso de alguém para isso Dante, eu não quero alguém...ainda.

A CEO e o MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora