CAPÍTULO 29

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POV: Camila Martin

Olhei através da janela do carro, enquanto observava a paisagem passar rapidamente por meus olhos.

Olhei para o lado e vi Alisa dirigindo concentrada, mas era visível que ela não estava bem.

Com certeza tinhamos o que conversar, mas percebi que ela também tinha ficado abalada com a notícia, porém não havia chorado desde o momento que lhe avisei do ocorrido.

New York não era longe de New Jersey, não demoramos nem meia hora para chegarmos na casa da nossa avó.

Alisa apertou o botão do Interfone da entrada do portão.

- Quem é?

- Alisa Martin.

O portão foi aberto imediatamente.

Alisa dirigiu lentamente até a frente da casa, passando pelo grande jardim de flores que tinha na entrada.

Quando ela estacionou na frente da porta principal, vi o carro do
Dr. William estacionado, logo após o nosso.

A porta de casa se abriu, William saiu descendo as escadas e nos encontrou.

Ele estendeu sua mão e me cumprimentou.

- Doutor.

- Camila... Eu sinto muito. (William)

- Obrigada.

Alisa se aproximou e William estendeu a mão pra ela, que aceitou o gesto, assim como eu.

- Sinto muito, Alisa.

- Obrigada, doutor. (Alisa)

- Venham, temos que conversar. (William)

Assim que passei pela porta de entrada e vi tudo ainda do mesmo jeito, senti meus olhos se encherem de lágrimas.

Nada havia mudado, era como se eu tivesse voltado no tempo, dez anos atrás.

Entramos na grande sala que tinha uma lareira, William se sentou na poltrona lateral, enquanto eu e Alisa sentamos no sofá maior.

Ele pegou a pasta que estava em cima da mesa de centro.

Observava ao redor como se nunca tivesse estado ali, mas eu conhecia cada parte, cada mínimo detalhe.

- Bem... Acredito que vocês tenham dúvidas sobre como aconteceu. (William)

Voltei minha atenção para o advogado.

- Você não disse que tipo de câncer! (Alisa)

- Era um tumor no celebro, ela começou a sentir muita dor de cabeça, um dia, após um desmaio, ela foi levada ao hospital. Com os exames, foi descoberto. Os médicos disseram que ela tinha apenas alguns meses de vida, a partir daí... Ela começou a organizar as coisas para vocês. (William)

- Para nós? (Alisa)

- Sim... A senhora Martin, já tinha alterado seu testamento há vários anos atrás, mas ao saber de sua doença, resolveu terminar de arrumar suas finanças o quanto antes... (William)

- Porque ela não tentou nenhum tratamento? Porque não nos ligou, nos avisou... Nós não pudemos nos despedir... (Camila)

Nesse momento eu já soluçava e Alisa segurou em minha mão tentando me confortar.

- Senhorita... Não havia cura! Eu sinto muito. Ela não queria se despedir, também não queria falar que estava doente, não queria que vocês ficassem com pena dela. (William)

- Onde ela está agora? (Alisa)

- Bem... Eu já cuidei de tudo, estão transportando seu corpo para fazer os preparativos. O sepultamento vai ser ao 12h. Pensei que podíamos resolver a questão do testamento agora... (William)

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