Antes do show!

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Não era Natal. Definitivamente, Halloween de muito diferenciava da festa natalina, mas em Beacon Hills, agora que anoitecia luzes pisca-pisca se alastravam pelas avenidas. Além disso, algumas fogueiras que foram acesas em algumas praças do centro da cidade, uma forma de fazer a justa homenagem ao Samhain, festival celta dedica aos mortos a qual deu origem ao Halloween. Era uma visão estonteantes, mas nem todos compartilhavam dessa opinião.

— Eu não acredito que esses sobrenaturais roubaram nossas festas para fazer esse bacanal. — Resmungou um homem de meio idade, cuspindo no chão como para demonstrar (por meio da saliva!) sua antipatia em relação ao evento.

— Na verdade, existe uma teoria que o Halloween sempre foi dos sobrenaturais, nós é que roubamos deles para construir uma festividade com base em doces, fantasias e festas de arromba... Logo, o que estamos presenciando hoje seria meio uma reparação histórica. — Informou outro homem, de fisionomia mais esguia e até mesmo corcunda.

— Cala a boca! Até parece que seres selvagens como esses teriam a capacidade de construir uma festividade. Eles são muito idiotas para isso! E você é um caçador! Está defendo eles?

— N-não! Não! E-eu só estava lhe dando um pouco de informação...

— E eu pedi, por acaso?

— Shhh. — Um velho com uma elegante bengala, interrompeu o debate. Seu olhar crítico fez com que os outros baixassem a cabeça, em sinal de respeito e medo — Sejam discretos, apesar do agente federal ter garantido que não haveria um suporte policial nesse evento, não podemos baixar a guarda.

— Exatamente. Só quero saber quando iremos colocar o plano em prática. Precisamos mesmo se aproximar tanto desse festival ridículo? Não poderia controlar o tal kanima dos limites da cidade...Como tínhamos feito antes?

— Arkadius ...Shh! Não podemos falar dessas coisas tão próximo a civis! — Entretanto o comando de Gerald Argent pouco surtiu efeito no líder do clã Van Helsing. O holandês mirava com desconfiança o ancião. Este, por sua vez, tentava disfarçar o desconforto de tal olhar. A pergunta de Arkadius era justificável, tendo em vista importância da operação, era recomendável que não estivessem assim tão próximos do local onde o plano iria ser efetuado. Deveriam evitar se incriminarem, mas...

"Eu mal consigo senti-lo" pensou Gerald cerrando o punho sobre o pomo de prata sua bengala. A pressão em sua cabeça, indicando a sua ligação com o Kanima estava diminuindo, e isso era um mal sinal. Meses atrás, quando viera a Beacon Hills com o intuito de visitar a sua família (uma visita que de fato não ocorreu) teve a sorte de encontrar o Kanima. O raro ser sobrenatural cruzou a estrada, de modo que Kate (que estava dirigindo) não pode desviar, logo acabou o atropelando. Contudo, tal colisão demonstrou ser nada para o resiliente animal. O kanima estava desamparado, vagando pela reserva florestal...E Gerald, tendo em vista o conhecimento ancestral de sua família de caçadores de lobisomem, viu naquele fatídico encontro uma oportunidade única. Habilmente fez o elo mental com aquela criatura, passando ser o seu o guia/mestre. Kanimas são um produto defeituoso dos lobisomens. Aquele envolto em traumas e inseguranças, ao receber a Mordida, acaba por se tornar um kanima. Uma forma de restaurar o processo natural de transformação seria a presença de um mestre que agiria como um guia, curando e amparando tal ser. Gerald não tinha nenhuma intenção de auxiliar o Kanima...Não...Que ele ficasse naquela forma defeituosa para sempre, ele não ligava. Só queria poder controlar o poder de tal criatura e assim o fez. O kanima era seu e de mais ninguém.

Já lera como seus ancestrais escravizaram kanimas no passado, utilizando-os como cães de caça contra os seres sobrenaturais e era isso que ele pretendia fazer como o seu pet. A grande ironia, um sobrenatural sendo usado para destruir outro sobrenatural... Gerald se deliciava com aquela situação.

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