Esse conto ocorreu logo após o capítulo "DR -discussão de relacionamento".
~***~
Uma das habilidades inatas dos vampiros é sentir a palpitação dos seres vivos ao seu redor. Podia ouvir o fluxo do sangue. A colisão das hemácias sobre as paredes dos vasos sanguíneos. Quando as válvulas se abrem, a contração ora do átrio, ora do ventrículo. Sístole. Diástole. Se se esforçasse bem, poderia até ver as veias e as artérias, seus rios tortuosos sobre a pele dos humanos, irrigando seus tecidos.
Sangue, para um vampiro, é mais que alimento...É força vital que sustenta a pirâmide da vida vampiresca. Sangue é trocada no casamento entre os casais. Sangue era usado para selar contratos entre clãs. Além disso, os vampiros creem no vitalismo, ou seja, na existência de uma força vital que diferencia um ser vivo de um objeto inanimado, essencialmente tal força vital seria materializado no sangue.
Naquele momento, Pietro podia ouvir o acelerar do coração de Abraham. Podia desenhar com a ponta dos seus dígitos as rotas do seu sistema circulatório. Ansiava por sentir o gosto metálico do seu sangue. Não impulsionado pela fome e sim pelo amor.
– Vai ficar só encarando ou vai fazer algo a respeito? – Inqueriu Abraham levantando o seu braço, expondo o seu pulso. A marca avermelhada da mordida, ainda não havia apagado da pele alva do ex-caçador de vampiros.
Pietro engoliu em seco. Suas pupilas dilataram com a visão do que estava sendo oferecido.
– Vai morder ou não vai? – Insistiu Van Helsing.
– Você consegue cortar todo o clima romântico, sabe?
– Sou prático. Temos, mais ou menos, meia hora antes que venham nos procurar. Em outras palavras, estou aproveitando de forma eficiente os minutos que temos a sós. Logo, menos enrolação e mais ação.
E para mostrar essa dita ação, Abraham retirou a camisa que usava em um brusco movimento.
Pietro ficou alguns instantes sem saber como reagir. Na verdade, o mais inteligível que pode dizer foi:
– Uou...
Aby rolou os olhos novamente. Pelo visto, não iriam avançar em nada, a não ser as tão importantes preliminares.
Estavam deitados sobre um manto de folhas secas, sob a copa das árvores da reserva florestal de Beacon Hills. O frio outonal aumentava conforme as horas do entardecer transcorriam. Abraham já estava começando a se arrepender de ter se despido quando sentiu o leve beijo em sua bochecha.
Aquilo era tão tolo, não devia reagir a um mero beijo na bochecha como um bobo apaixonado daqueles filmes melosos regados a açúcar, choro e risadinhas atrevidas. Contudo, logo sentiu o rubor se alastrando por seu rosto. Seu coração acelerando. Logo, logo o frio seria esquecido.
Mais um beijo, agora dado no canto dos lábios do Van Helsing. E mais outro na ponta do seu nariz. A cada beijo dado o grau de vermelhidão do rosto do ex-caçador assumia uma coloração mais intensa.
Só Pietro conseguia provar aquelas reações irracionais e fisiologicamente erradas em Abraham Van Helsing III.
– Você q-quer parar? – Sussurrou, se surpreendendo com o fraquejar de sua própria voz.
– Ora, meu amor... – Mais um beijo, desta vez Pietro plantou os seus lábios no queixo do seu amante – Você está sendo contraditório. E seria impossível parar, ainda mais quando tenho você todinho para mim.
Falando isso, o vampiro abraçou o humano. Afundando o seu rosto no pescoço de Abraham. Neste momento o caçador concluiu que todos os romances humanos envolvendo vampiros estavam errados. Bem que, muitos desses romances foram escritos por pessoas que sequer tiveram contatos com este tipo de ser sobrenatural em particular. Só imaginaram ou mesmo idealizaram a criatura sombria e misteriosa. Isso levou a estranha suposição que vampiros eram mortos vivos...Que não teriam calor em seus corpos e que, deste modo, nem poderiam se excitar. Aby poderia garantir que todas essas conjecturas estavam erradas!
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Beacon Hills Institute
FanfictionSeres Humanos e Seres Sobrenaturais. Dois tipos de seres com características tão diferentes que pressupõe que seria impossível conviver em conjunto. Lobisomens, vampiros, druidas, bruxos e uma infinidade de seres que parece sair de contos de fadas o...