Fim de uma saga

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Sob um céu nublado, Beacon Hills exibia uma paisagem invernal. As árvores da reserva florestal estavam completamente nuas, seus galhos estendidos como mãos suplicantes à natureza. O vento frio permeava o terreno, soprando com uma melodia tristonha, como se ecoasse os lamentos daqueles que haviam sido afetados pelos recentes acontecimentos. Apesar da tonalidade cinzenta do ambiente, a cidade pulsava com a vida, resiliente em meio às adversidades que enfrentara. Quase um mês havia transcorrido desde o ataque malsucedido dos caçadores, e Beacon Hills renascia com uma força renovada.

De fato, ao invés do ataque indicar uma fraqueza por parte da alcateia Hale em proteger e governar a região, a união com o clã Beaumont e outras criaturas, sobrenaturais e não sobrenaturais, tanto durante o ataque quanto após, foi um exemplo prático da necessidade de união de todos em prol da paz e harmonia. Aliás, o ataque também foi uma demonstração clara para o governo americano e internacional de que leis e fiscalizações mais rígidas a grupos paramilitares de não-sobrenaturais (ao invés de focarem nos seres sobrenaturais) deveriam ser efetuadas. Eram os humanos que pareciam causar mais danos do que os próprios seres dotados de magia e poderes.

Erguendo-se majestosa nas margens da reserva, a mansão Hale exibia uma intrigante mistura de arquitetura vitoriana e gótica. No entanto, as marcas do tempo e os vestígios do incêndio que assolou a estrutura há anos atrás deixavam sua sombria presença visível. Como Stiles frequentemente enfatizava, a mansão parecia um cenário perfeito de um filme de terror, como se uma aura de mistério e assombração pairasse sobre suas paredes. O início do inverno acrescentava um toque adicional de melancolia ao ambiente, envolvendo a mansão em uma atmosfera ainda mais sombria e misteriosa. Surpreendentemente, ao longo do tempo, nenhum membro da família Hale havia se esforçado para restaurar ou renovar a propriedade, quase como se o passado conturbado da família se refletisse nas cicatrizes ainda visíveis na estrutura da grandiosa casa.

— O que você está fazendo é algo bom. — falou John Stilinski para Stiles, assim que ele saiu do carro. O xerife decidiu dar carona ao filho e a Yaci, temendo que o nervosismo de Stiles (que era bastante evidente) fizesse com que o adolescente batesse o seu jipe em alguma árvore na estrada.

— Estou mesmo... Não é? — indagou o jovem, esfregando as mãos de forma quase frenética, talvez numa tentativa de aquecê-las, embora a fricção já devesse tê-las deixado fervendo.

— Lógico que está. — garantiu John — Eles merecem ter um desfecho em sua história. E começarem a se curar...

Stiles assentiu, parecendo um pouco menos inseguro.

— Mas lembre-se de que sou eu quem vai conduzir todo o show da viagem no passado. — frisou Yaci, mirando os Stilinski — Quero meu crédito nisso.

Stiles sorriu para sua professora.

— Não vou esquecer disso, sensei Yaci! Você será grandemente recompensada.

— Stiles, já falei para me chamar só de Yaci. — resmungou a nativa sul-americana, escondendo o rosto no grosso cachecol que usava.

O adolescente deu uma risadinha, adorava ver a expressão contrariada e meio embaraçada de Yaci. A mulher já lhe tinha confessado que Stiles era o seu primeiro aluno e talvez o único, já que não havia muitos caminhantes do tempo disponíveis para serem ensinados por aí. Logo, Yaci não estava acostumada com a relação aluno-professor e era contra a ideia de hierarquia.

— Bem, vamos? — John anunciou, indicando a pequena alameda de pedras margeada por árvores nuas e meio contorcidas que levava à entrada da mansão Hale.

O trio seguiu o caminho de forma silenciosa. Ao chegarem à entrada, perceberam a presença de uma figura encostada em uma das árvores, cercada por gatos. Algo que poderia causar grande terror a Derek Hale se estivesse ali.

Beacon Hills InstituteOnde histórias criam vida. Descubra agora