Karina
Sinto que estou anestesiada, não sinto dor, mas também não me sinto bem. Parece tudo distante, meus pensamentos estão nublados, não consigo raciocinar direito.
A primeira coisa que ouço são os barulhos, de aparelhos, eu estava no hospital. O meu apartamento foi invadido, eu fugi, mas eles me acertaram no ombro, só agora que lembrei da dor que eu a sinto, uma pontada dispara pelo meu ombro e se espalha por todo o meu braço e pela clavícula.
Tomo consciência das minhas respirações, quando foi que respirar começou a doer? Depois do tiro, claro, concentre-se Karina.
Sinto meu coração num pulsar constante, ainda alerta? Minha boca está seca, não sinto gosto de nada. Começo a sentir um cheiro único, fumaça e perfume, Renan. Abro os olhos dando de cara com ele sentado numa poltrona.
No hospital tem poltrona? Ele estava concentrado olhando a tela do celular, mas assim que me mexi ele virou pra mim.
Aqueles olhos fixaram em mim, nunca me decidi entre as cores azul ou verde, parecia que a cada momento eles mudavam. Sempre variavam de acordo com o humor, com o ambiente e as emoções dele.
Levantei meu braço direito só pra me dar conta que era ele que estava ferido, fiz uma careta de dor e levantei o outro, chamando ele pra mais perto.
ST: Não se esforce, você precisa descansar.
Karina: Água ﹘ sussurrei.
Ele prontamente se levantou e foi até o canto do quarto onde havia uma jarra de vidro com água e copos também de vidro. Enquanto isso, parei pra observar melhor o local.
Olhei ao redor vendo que estava em um quarto diferente do qual lembro por último, onde perdi a consciência. Essa cama era macia, diferente da maca que chamam de cama no hospital. Havia aparelhos ligados a mim, além de uma bolsa de soro, que gotejava para as minhas veias..
No quarto também havia uma porta que estava entreaberta e pude ver um sanitário, indicando que ali ficava o banheiro. Olhei pela janela e dei de cara com uma praia, essa vista, esse quarto. Meus pensamentos foram interrompidos pelo copo d'água na minha frente.
Ele levantou minha cabeça e encostou o copo na minha boca, me ajudando a beber. Bebi um copo todo de água e pedi mais um. Após beber a água e respirar melhor, senti que estava pronta para falar.
Ele havia ajeitado meus travesseiros, me colocando com a cabeça bem alta e tinha mudado de lugar, ficando apoiado na parede ao lado da janela.
Karina: Onde estamos?
ST: Em uma propriedade minha perto da praia, por isso a vista. Depois que você perdeu a consciência fizeram sua cirurgia, quando cheguei no Rio você já estava se recuperando. Eu achei mais seguro trazê-la para cá, então preparei o quarto, chamei minha equipe médica e viemos. Faz três dias que você foi operada, por conta das anestesias, cê ainda não tinha acordado.
Karina: Eu estava sedada?
ST: Para fazer a sua locomoção, tivemos que colocar você num sono profundo, os efeitos dos remédios passaram tem um tempo. Eu estava esperando você acordar. Como se sente?
Karina: Sinto muita dor no ombro, no braço, no pescoço. Tudo dói.
ST: É normal, você levou um tiro e ainda fez esforço quando estava machucada. Você quer que a enfermeira te dê um remédio pra aliviar a dor?
Karina: Não precisa. Renan... minhas coisas, meu apartamento, o que aconteceu?
ST: Eu recolhi tudo e guardei. Seus objetos pessoais, roupas, acessórios, estão aqui no quarto ao lado. Seus carros estão na garagem. Os móveis eu coloquei em um depósito que tenho. Depois que você estiver mais... ﹘ franziu a testa em busca de alguma palavra ﹘ sóbria, conversaremos sobre sua situação de onde morar.
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Alma de Pipa (CONCLUÍDO)
Teen Fiction+16 🚫🚫 No que você acredita? Era amor ou ilusão? Karina é o tipo de pessoa que não tem medo de se arriscar, ela prefere se apaixonar e depois sofrer do que não nutrir sentimentos. Ela é uma pessoa que tem carência de atenção e afeto, já que sua ti...