Capítulo 60

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Karina

Sinto que estou anestesiada, não sinto dor, mas também não me sinto bem. Parece tudo distante, meus pensamentos estão nublados, não consigo raciocinar direito.

A primeira coisa que ouço são os barulhos, de aparelhos, eu estava no hospital. O meu apartamento foi invadido, eu fugi, mas eles me acertaram no ombro, só agora que lembrei da dor que eu a sinto, uma pontada dispara pelo meu ombro e se espalha por todo o meu braço e pela clavícula.

Tomo consciência das minhas respirações, quando foi que respirar começou a doer? Depois do tiro, claro, concentre-se Karina.

Sinto meu coração num pulsar constante, ainda alerta? Minha boca está seca, não sinto gosto de nada. Começo a sentir um cheiro único, fumaça e perfume, Renan. Abro os olhos dando de cara com ele sentado numa poltrona.

No hospital tem poltrona? Ele estava concentrado olhando a tela do celular, mas assim que me mexi ele virou pra mim.

Aqueles olhos fixaram em mim, nunca me decidi entre as cores azul ou verde, parecia que a cada momento eles mudavam. Sempre variavam de acordo com o humor, com o ambiente e as emoções dele.

Levantei meu braço direito só pra me dar conta que era ele que estava ferido, fiz uma careta de dor e levantei o outro, chamando ele pra mais perto.

ST: Não se esforce, você precisa descansar.

Karina: Água ﹘ sussurrei.

Ele prontamente se levantou e foi até o canto do quarto onde havia uma jarra de vidro com água e copos também de vidro. Enquanto isso, parei pra observar melhor o local.

Olhei ao redor vendo que estava em um quarto diferente do qual lembro por último, onde perdi a consciência. Essa cama era macia, diferente da maca que chamam de cama no hospital. Havia aparelhos ligados a mim, além de uma bolsa de soro, que gotejava para as minhas veias..

No quarto também havia uma porta que estava entreaberta e pude ver um sanitário, indicando que ali ficava o banheiro. Olhei pela janela e dei de cara com uma praia, essa vista, esse quarto. Meus pensamentos foram interrompidos pelo copo d'água na minha frente.

Ele levantou minha cabeça e encostou o copo na minha boca, me ajudando a beber. Bebi um copo todo de água e pedi mais um. Após beber a água e respirar melhor, senti que estava pronta para falar.

Ele havia ajeitado meus travesseiros, me colocando com a cabeça bem alta e tinha mudado de lugar, ficando apoiado na parede ao lado da janela.

Karina: Onde estamos?

ST: Em uma propriedade minha perto da praia, por isso a vista. Depois que você perdeu a consciência fizeram sua cirurgia, quando cheguei no Rio você já estava se recuperando. Eu achei mais seguro trazê-la para cá, então preparei o quarto, chamei minha equipe médica e viemos. Faz três dias que você foi operada, por conta das anestesias, cê ainda não tinha acordado.

Karina: Eu estava sedada?

ST: Para fazer a sua locomoção, tivemos que colocar você num sono profundo, os efeitos dos remédios passaram tem um tempo. Eu estava esperando você acordar. Como se sente?

Karina: Sinto muita dor no ombro, no braço, no pescoço. Tudo dói.

ST: É normal, você levou um tiro e ainda fez esforço quando estava machucada. Você quer que a enfermeira te dê um remédio pra aliviar a dor?

Karina: Não precisa. Renan... minhas coisas, meu apartamento, o que aconteceu?

ST: Eu recolhi tudo e guardei. Seus objetos pessoais, roupas, acessórios, estão aqui no quarto ao lado. Seus carros estão na garagem. Os móveis eu coloquei em um depósito que tenho. Depois que você estiver mais... ﹘ franziu a testa em busca de alguma palavra ﹘ sóbria, conversaremos sobre sua situação de onde morar.

Alma de Pipa (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora