Capítulo 28

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Iury (Onça)

Tinha saído do morro pra ir na Maré, foi questão de minutos, só fui pegar uma encomenda com o Jacaré e assim que ia me aproximando da Maré escutei a sirene da viatura.

Entrei por ruas mas eles estavam de moto também, desviei pra avenida principal pra poder entrar com a moto numa estrada de terra que conhecia, mas eles me alcançaram e logo à frente vi que tinha uma viatura. Por que droga não trouxe minha arma hoje? Entrei por um beco e joguei meu iPhone dentro da mata. Logo que virei tinha dois bota apontando a arma pra mim.

Policial: Desliga a moto! Coloca no pezinho.

Não tinha opção, desliguei e coloquei no pezinho descendo da moto.

Policial: Agora bota a mão na cabeça!

Policial 2: Demos a voz de parada e você continuou por quê? – fiquei calado. – Revista ele.

Depois de me apalparem, pegaram minha identidade.

Policial 3: Quem é que temos aqui? Iury Ribeiro. – ele puxou minha ficha e viu minha passagem. – Iury mais conhecido como Onça. Tava passeando?

Policial 2: Acho que ele tava era comendo alguma puta por aí. Diz aí o que tu tava fazendo – fiquei calado encarando ele – fala porra.

Ele deu um murro na minha boca, cuspi o sangue no chão e respondi.

Onça: Eu tenho o direito de ficar calado, tudo que eu disser pode e será usado contra mim – falei dando meu sorriso debochado.

Senti um chute por trás das minhas pernas que me fez cair ajoelhado no chão.

Policial 3: Vamo levar ele pro delegado.

Eles me algemaram e me colocaram na viatura. Só pensava em uma coisa quando estava lá dentro. Minha morena. Deve tá preocupadona e a minha favela desprotegida, sei que o GB tá em Santa Marta. Isso foi trairagem e das grandes, X9 com certeza.

Cheguei na delegacia e depois do delegado encher meu saco me colocaram na jaula. Tinha mais dois meninos na cela.

Xxx: Tu fez o quê? – perguntou um dos noiadin, olhei pra ele e fiquei encarando.

Xxx2: Cala a boca carai, tá querendo fazer amiguinhos é? Aqui não é escola não.

Xxx: E aí? – falou me olhando, esperando minha resposta. – Você roubou, assaltou?

Onça: Sou matador, me prenderam porque eu matei um cara que tava me encarando – dei um sorriso psicopata e ele empalidece, voltando pro canto dele.

Esses cuzão devem estar presos por roubar celular, certeza.

Bati na grade com a mão e chamei um bota.

Policial: Que é?

Onça: Eu tenho direito a uma ligação, quero falar com minha mulher.

Policial: Vou falar com o delegado.

Onça: Valeu – falei debochando.

Assim que ele voltou, abriu a grade e me levou até um balcão.

Policial: Faz a ligação, você tem 2 minutos.

Peguei o telefone e disquei o número dela, no segundo toque ela atendeu.

Onça: Morena?

Karina: Iury, pelo amor de Deus onde você tá? Como você tá? Eles fizeram algo com você? – falou rápido.

Onça: Calma morena, eu tô bem, eles me prenderam e eu tô aqui no vigésimo segundo batalhão, perto da Maré. Pega um Uber e vem pra cá.

Karina: Já tô indo. Eu te amo tá?

Onça: Eu também.

Desliguei o telefone e voltei pra cela. Mal comecei a pensar nos bagui da vida e o bota veio me buscar.

Policial: Tem visita pra você.

Ele me levou até uma sala e pude ver minha morena sentada com um olhar triste, mas assim que me viu começou a chorar. O policial me colocou sentado e fechou a porta ficando do lado de fora.

Onça: Tu tá chorando por quê Karina? Bota postura.

Karina: Vá tomar no seu cu – puxei ela e dei um beijo.

Onça: Quem tá à frente? – falei baixinho colocando a mão na boca, o policial ficava me encarando.

Ela me deu um beijo por cima da mesa e desceu alguns beijos pro meu pescoço, depois encostou a boca na minha orelha.

Karina: Lohanny. O Gabriel tá em Santa Marta – minha nega era tão inteligente.

Ela se sentou de novo e segurou minhas mãos.

Onça: Presta atenção no que vou te falar, eu joguei meu iPhone aí no caralho a quatro das mata. Quero que ligue o rastreador e fale com os meninos pra ir atrás, tem muita coisa importante nele que não posso perder.

Karina: Certo, você pode ser indiciado pelo quê?

Onça: 157, 155, 121, 148, e por aí vai. Mas acho que eles só vão me indiciar por homicídio e roubo. Eu só tenho isso na ficha.

Karina: Só?

Onça: Já pedi pra limpar duas vezes, eles não sabem que sou dono.

Karina: Eles vão te transferir né?

Onça: Deve ser pra uma penitenciária aqui no Rio mesmo.

Karina: Iury... eles te bateram? – fiz que não e ela começou a chorar.

Levei suas mãos até meus lábios e beijei.

Onça: Foi só um murro e um chute, não foi nada. Vai dar tudo certo morena. Avisa pra Thaís que ela não pode vir. Não quero que conheçam ela.

Policial: A visita acabou, se despeça.

Onça: Filho da p...

Karina: Iury! Eu te amo, fica bem.

Onça: Se cuida também.

Elase levantou e depois de me dar aquele beijo, foi embora. Voltei pra cela ecomecei a pensar em várias merdas.

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REVISADO 🚫🚫

Alma de Pipa (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora