Capítulo 24

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Mídia: Pôr do sol da Rocinha 😍
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Lohanny (LH)

Nasci no Rio de Janeiro, só não me pergunte onde porque eu não sei. Fui achada por um casal com apenas 1 mês de vida e eles me criaram como meus pais, sendo assim eu cresci na Maré. Me mudei com a minha mãe pra Sampa com 14 anos.

Você deve tá se perguntando, cadê teu pai guria? Ele acabou morrendo em um confronto com a polícia, sim, ele era envolvido, meu pai era meu tudo, minha base, quando ele foi morto senti um ódio mortal daqueles malditos policiais.

A TV só mostra os traficantes matando os policiais, mas não mostram os policiais matando os traficantes, os trabalhadores, as pessoas honestas. Os policiais são muito corruptos, era pra eles nos protegerem, nos dá segurança, mas eles não fazem isso.

Em Sampa tínhamos uma vida boa por assim dizer, morávamos em um quartinho de quatro cômodos, uma sala com cozinha americana, quarto, banheiro e uma área de serviço. Ela trabalhava e eu estudava, mas tudo mudou quando ela foi demitida.

Nessa demissão, acabamos sendo despejadas. Sem ter pra quem apelar e sem dinheiro pra voltar pro Rio fui onde sabia que seria aceita de braços abertos, fui na favela de Paraisópolis.

Falei com K7, o dono de lá, e pedi uma moradia pra ele, em troca eu iria achar algum emprego e trabalharia para pagá-lo. Ele me deu uma semana pra achar um emprego e nos abrigou lá.

Depois de uma semana sem conseguir me empregar por ter apenas 16 anos, pois não tinha experiência alguma, abracei o crime. Pedi pra vender droga, ficava nas baladas vendendo balinha, cocaína e LSD. Saia de lá com muito dinheiro, eu dava muito lucro, fazia entre 500 e 700 reais por dia. Baladas lotadas e eu tinha o passe autorizado pois os donos eram sócios do K7. Eu frequentava 3 baladas diferentes por semana e às vezes eu até ia em outras com uma identidade falsa. Nunca cheguei a usar as drogas pois sabia o quão elas fariam mal para mim, ainda mais a cocaína.

Minha mãe achava que eu trabalhava como babá de uma criança no asfalto, mas na verdade eu trabalhava pela madrugada, chegava em casa e ia dormia para de tarde estudar. Minha mãe tinha conseguido um trabalho como diarista, mas nem sempre o dinheiro era suficiente então eu continuei no movimento.

Até que um dia, ela chegou mais cedo do trabalho e me viu com os meninos da Boca pegando as drogas. Nesse dia foi o que eu senti mais a adrenalina correr nas minhas veias.

Flashback On

Lohanny: Dia de hoje é só balinha e LSD.

Gengibre: Tu tá fazendo um bom trabalho, tu não quer vender maconha também não?

Lohanny: Não mano, isso já tá bom.

Creuza: Lohanny?

Quando olhei pra trás vi minha mãe me olhando assustada, quando ela viu o bolo de dinheiro na minha mão ela se aproximou e eu entreguei pro Gengibre.

Lohanny: Você deixou isso cair moço.

Gengibre: Tô sabendo de nada não, esse é teu pagamento fia.

Lohanny: Filho da puta.

Creuza: Você tá vendendo droga Lohanny?

Lohanny: Não mãe...

Gengibre: Tá sim tia – olhei pra ele desacreditada. – Tu não pode mentir pra tua coroa não.

Creuza: Sua filha de uma rapariga, tu vai aprender a vender droga é agora.

Alma de Pipa (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora