Capítulo 4

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Carrasco

Carrasco saía do quarto com Nanda debaixo do braço, como se exibisse um troféu. Ele sorria, recebendo olhares de aprovação de alguns dos seguranças. Nanda apoiava a mão em seu peitoral, sorrindo para o ruivo. Ele percorreu a área Vip com o olhar até encontrar Ferrugem, encarando-os com a cara mais confusa que Carrasco já vira.

   – Já comeu, molecão? – disse Carrasco, sarcástico. – Eu já, e foi um banquete e tanto, né, princesa? – Deu um tapa na bunda de Nanda. – Aí, gata, fala com o Alfinete que ele traz seus amigos.

Nanda concordou e se afastou, indo em direção à Alfinete. Ao passar perto de Rafael, ele segurou em seu pulso e sussurrou:

   –- Tá tudo bem?

Como se não tivesse entendido a pergunta dele, Nanda começou a fazer que sim com a cabeça, e disse:

   – Tá de boa, Jeffinho. Relaxa. – Sorriu e se soltou  da mão dele.Voltou a andar até Alfinete. 

Carrasco, percebendo o que acontecia, aproximou-se de Ferrugem.

   – Deixa a mina, Ferrugem. Daqui a pouco teus amigos vão estar por aqui. – Olhou, mais uma vez, ao redor e não encontrou Pietra. – Cadê a loira, Pinóquio?

Pinóquio deu de ombros e balançou a cabeça, dizendo que não sabia.

   – Acho que tá dentro da casa. – disse Rafael, baixo, e Carrasco se virou para encará-lo.

   – Tá de olho nela, é? – Ele estreitou os olhos, mas depois abriu um sorriso. – Tem bom gosto pelo menos! Aproveita, porra! O “churras” aqui é de primeira.

Carrasco passou pelo cara que ficava na escada e começou a descer. Precisava ver onde Pietra estava. Ao passar por seus convidados, ignorou diversas vezes algumas mulheres interesseiras que se aproximavam e até riu quando um cara que acompanhava uma delas também deu em cima dele. Carrasco não se incomodava com aquilo, gostava de se sentir atraente. Isso só reforçava o orgulho por seu corpo sarado.

Após procurar por Pietra no andar de baixo, decidiu ir para o único lugar em que ela poderia estar. Pegou um copo de uísque da bandeja de um de seus empregados. O rapaz, de olhos azuis e cabelo loiro, o encarou por um segundo, antes de desviar o olhar. Carrasco achou que era somente nervosismo, mas notou que ele olhava para sua bermuda aberta, ou melhor, para dentro dela. Quando ele pigarreou, o garçom ergueu o olhar de volta para o seu rosto, ficando vermelho, embora desse um sorriso safado.

Carrasco soltou um riso anasalado e subiu a escada, tomando um gole de uísque. Passou pela porta do próprio quarto e parou diante de outra porta fechada. Bateu e aguardou.

   – Loira? Abre aqui, sou eu!

Segundos depois, a porta se abriu. Pietra, com olhos vermelhos e um cigarro nos lábios, voltou para uma das poltronas no canto do cômodo.

   – Isto aqui ainda tá do jeito que eu deixei. – ela soltou fumaça enquanto observava o quarto.

   – Só quem vai mudar alguma coisa aqui é você, loira. – Ele entrou e fechou a porta. Sentou-se na outra poltrona e esticou as pernas até uma mesa entre eles. – Achei que você queria curtir hoje.

Pietra girava o copo de uísque, encarando a pedra de gelo que rodopiava por ele. Ela balançou a cabeça e deu um risinho sem humor.

   – Agora você entende o porquê aqui não é o meu lugar? – Mantinha os olhos dentro do copo, sem levá-lo à boca. Cruzou as pernas, revelando suas coxas.

   – Pô, Loira… Eu já dei um jeito naquele filho da puta, tá ligada? – Ele cruzou os braços.

   – E aí? Como ele, tem muitos outros que, por mais que não digam nada, eu sei, só pelo olhar, que estão me condenando com seus preconceitos velados. – Uma lágrima escorreu pelo rosto dela. – Eu não quero que você fique tendo que me defender pro resto da vida, Johnny!

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora