Capítulo 43

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Jonathan

Como já havia previsto, Carla mostrou grande resistência em deixar Carrasco se aproximar de Eduarda no final de semana em que tinham combinado. Seguindo o conselho de Pietra, Jonathan concordou a contragosto com o que Carla impôs. Ela pediu que ele deixasse as coisas se acalmarem após ele explicar que seu nome não estava envolvido oficialmente no que acontecera na comunidade.

Pietra acompanhou a filha de Dona Fátima, que a levou para a sua casa, mesmo a idosa insistindo que queria ver Jonathan. Pietra a tranquilizou, dizendo que, assim que possível, fariam uma visita à ela. Jonathan passava, pelo menos, uma hora ao telefone, conversando com Dona Fátima durante os dois dias que se passaram. Sua própria mãe nem ao menos tentou entrar em contato para saber sobre seu estado.

Túlio ainda permanecia no hospital, mas, após ter passado por uma cirurgia para remover uma bala alojada em sua coluna, estava apenas internado para melhor recuperação. Pietra havia pedido ao chefe que a dispensasse por uma semana, com a promessa de que continuaria fazendo o seu trabalho pela Internet. Sempre que retornava do hospital, era recebida por Marlon e Jonathan, que a enchiam de perguntas sobre a recuperação de Túlio.

Marlon não queria admitir, mas era notável a sua frustração com Manu, que, após o ocorrido, começou a ignorá-lo. Jonathan, durante o café da manhã de Quinta-feira, estava dizendo para ele que não valia a pena ficar daquele jeito e até se sentia culpado por ter feito Manu dar esperanças para o garoto. Desde o início, sabia que era apenas interesse. Trocava mensagens com Nanda, que perguntava se poderia visitá-lo, e Pietra disse que achava que não teria problema, contanto que Manu não aparecesse.

A loira estava fazendo de tudo para acertar as coisas, isso incluía convencer Marlon a voltar a estudar. Ela começava a puxar o assunto sobre tirarem seus passaportes, pois a notícia que queria contar a Jonathan antes de tudo acontecer, era que estava prestes a ser promovida e ficaria encarregada de uma filial nos Estados Unidos, quando Jonathan, contrariado por não querer ir para um país onde não entenderia uma só palavra, iniciou seu discurso sobre os motivos para permanecer no Brasil. No fundo, toda aquela conversa que ele fazia questão de defender não passava de uma máscara para disfarçar que não queria ir para longe de Rafael.

Marlon, com um pedaço de pão na boca, interrompeu os dois com gestos eufóricos, apontando para a TV. Ambos se levantaram e correram para a sala. Jonathan achou que seria algo envolvendo seu nome, mas sentiu suas pernas fraquejarem ao ouvir a voz de Rafael na TV. O tatuado se aproximou da tela, como se fosse conseguir entrar na delegacia pelo monitor. Enquanto a conversa de Rafael com o capitão e o candidato acontecia, imagens de uma pequena multidão da imprensa eram mostradas. Pietra sorria, abraçando Jonathan pela cintura e encostando o queixo nas costas dele.

   – Esse moleque é malu… – Marlon começou a dizer, mas Jonathan agitou a mão para ele ficar em silêncio.

Numa mistura de preocupação, por Rafael estar sendo ameaçado, e de ódio, pelos discursos criminosos do capitão e de Bruno, Jonathan esfregava a barba sem parar. Arregalou os olhos quando a imagem adentrou a delegacia e avançou até a sala do capitão bem no momento que Rafael, fardado, cuspia na cara de seu chefe.

   – Caralho, o maluco é brabo! – disse Marlon, terminando de empurrar um pedaço de pão goela a baixo.

Jonathan sorria sem perceber, vendo o amor da sua vida agindo de forma tão corajosa contra o sistema. Pietra não parava de xingar e dizer que era bem feito para aqueles preconceituosos. Ela dava tapinhas no braço de Jonathan, que não tirava os olhos da TV. Rafael estava lindo e demonstrava uma confiança que ele nunca tinha visto antes no ruivo. Seu sorriso se desfez ao ouvir que ele estava determinado a sair da carreira policial.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora