Carrasco
Na academia da mansão, Alfinete contou para Carrasco que Ferrugem fez o que foi mandado e que ele acompanhou Cléber até a subida do morro, mas que, como Ferrugem tinha entrado em um Ford Focus branco e não foi direto para casa, Cléber não tinha tentado falar com Ferrugem ontem. Carrasco compreendeu o porquê de Ferrugem não ter dito nada sobre Cléber ter tentado o roubar ainda. Entrando na mansão, Carrasco, com a camiseta presa na bermuda, disse:
– Mas tu não viu quem tava no carro? – Carrasco se perguntava onde Ferrugem teria ido.
– Pô, chefe, deu pra ver muita coisa, não, porque tava chovendo pra caralho. Os vidros do carro tavam fechado, tá ligado? – Alfinete bebeu um pouco d'água da sua garrafinha. – Nem a porra da placa eu peguei. O moleque entrou no carro, e já meteram o pé.
Carrasco estava sério e assentiu. Talvez fosse algum parente de Ferrugem ou algum conhecido. Subiu a escada para ir até o quarto e disse para Alfinete mandar o Cleber ir na casa do Ferrugem para terminar de fazer o serviço porque já tinha mandado o ruivo aparecer na mansão. Alfinete concordou e foi para o quarto dele.
Depois do banho, Carrasco colocava seu relógio de ouro quando Dona Fátima entrou no quarto para avisar que o almoço estava pronto. Ele agradeceu e verificou a hora, estranhando por Ferrugem ainda não ter aparecido. Pediu que servissem o almoço na sala de jantar e Dona Fátima concordou.
– Aí, Gatona. – disse ele e andou até a cama para pegar o celular. – Se liga na minha cria.
Ele abriu a galeria e mostrou a foto de Eduarda com o coelhinho para Dona Fátima, que sorriu enquanto afastava um pouco o celular e apertava os olhos para enxergar melhor.
– Ela é uma graça. – disse Dona Fátima e devolveu o celular para ele, depois passou a mão em um amarrotado na camiseta dele. – A conversa com a Carla foi tranquila?
– É, ela levou um cara daqueles criado a leite com pêra, filhinho da mamãe, mas ele não se meteu, não. Eu ia ficar “boladão” se ele viesse de “caô”. – Carrasco passou perfume. – A Carla tá na igreja e tudo agora.
Dona Fátima ajeitava os travesseiros da cama dele enquanto ouvia. Ela inclinou a cabeça para olhar para ele e disse:
– Que maravilha. Eu lembro de como ela era quando você trouxe ela aqui. Graças a Deus ela tomou jeito.
Carrasco deu um sorriso e calçou os chinelos. Começou a andar para fora do quarto, e Dona Fátima o acompanhou.
– É “mermo”. A mina agora tá de boa, mas continua marrentinha pra caralho. – ele riu. – Mas tá cuidando bem da garota. Domingo que vem, eu vou ver a Eduarda.
– Que bom, meu filho. – Dona Fátima parou uma das faxineiras que passava por eles. – Pede pra arrumarem a mesa da sala de jantar, por favor, minha filha.
Carrasco diminuiu a velocidade dos passos, pois percebeu que Dona Fátima estava cansada tentando acompanhá-lo.
– Tá tudo bem com a senhora? – disse Carrasco, preocupado, observando-a dar um sorriso e balançar a cabeça.
– É a idade mesmo, meu filho. Já não tenho mais a mesma disposição de quando tinha que correr atrás de você pela casa. – Ela mexeu em um arranjo de flores ao passar por um vaso.
– Tô ligado. Tá na hora da senhora ir curtir sua aposentadoria, Gatona. – Eles desceram a escada devagar. – Por que não vai morar com a sua filha? Ficar com seus netos?
– E quem vai cuidar de vocês? – disse ela, sorrindo. – Tantos anos cuidando desta casa que acho que já nem sei fazer outra coisa.
Eles entraram na sala de jantar, e os empregados terminavam de arrumar a mesa. Carrasco sentou à mesa e olhou para Dona Fátima.
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...