Capítulo 8

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Carrasco

Carrasco não estava gostando nem um pouco de ver a diferença com a qual a mãe de Nanda tratava ele e Ferrugem. Estava acostumado a ser o centro das atenções e que todos o tratassem como um rei, porém aquela mulher parecia não dar a mínima para o fato dele ser o cara que mandava em tudo na comunidade.

   – Meu filho, eu fiquei tão feliz quando soube que você estava vindo morar perto de mim. – dizia ela, colocando o prato na frente de Ferrugem. – Só de saber que a Nanda vai ter o primo pra cuidar dela…

   – Qual foi, sogra? Eu vou cuidar dela, tá ligada? – disse Carrasco, sentando-se à mesa e cruzando os braços incomodado. – Ela é minha mina e ninguém vai mexer com ela. Só se quiser morrer. – Lançou um olhar com intenção de intimidar Ferrugem, mas o ruivo estava ocupado demais servindo-se de refrigerante.

Nanda vinha da cozinha com um prato nas mãos. Carrasco sorriu para ela enquanto estendia a mão para pegá-lo.

   – Ah, tá. Agora tá achando que tem empregada aqui. – disse Nanda, sentando-se à mesa e balançando a cabeça. – Não vai lá colocar a tua comida não pra ver se vai comer.

A mãe de Nanda soltou um risinho, orgulhosa, enquanto terminava de colocar comida em seu prato e, depois, sentou-se no sofá com um pote de farinha ao lado.

   – E vê se cobre as panela, hein! – disse ela, ficando séria para Carrasco.

Ele se levantou, contrariado. Como assim estavam falando daquele jeito com ele? Ele quis dar uma resposta atravessada, mas preferiu evitar e só cerrou os dentes enquanto resmungava algo.

Carrasco até queria elogiar o cheiro da comida, mas não faria isso. Não após estar sendo tratado daquele jeito. Colocou os maiores pedaços de carne em seu prato e voltou para a mesa. Embora tivesse o corpo sarado, Carrasco sempre foi bom de prato e, por isso, sempre malhava no mínimo duas horas por dia para manter a boa forma.

Nanda contava sobre seus planos para Ferrugem em relação à faculdade. Eles ignoravam Carrasco, que mantinha uma sobrancelha erguida enquanto comia, irritado.

   – ô garoto! – disse a mãe de Nanda, mordendo um pedaço de carne e, depois, lambendo os dedos para tirar a farinha deles.

Ferrugem olhou para ela, mas, em seguida, sinalizou com a cabeça para Carrasco que era com ele que ela estava falando. Carrasco respirou fundo e olhou na direção dela.

   – Escuta aqui. Eu não sei o que deu na cabeça da Nanda pra namorar contigo, mas, se, por um acaso, eu souber que você tá obrigando ela a fazer isso…

Já perdendo a paciência, Carrasco soltou o garfo no prato e disse:

   – Dá o papo! Vai fazer o quê? Tá perdendo a noção?

A mãe de Nanda pareceu recuar com sua atitude, mas Nanda entrou no meio, dizendo:

   – “Amor”, – ela forçou a palavra em tom de descontentamento. – se quiser que nosso lance dê certo, melhor baixar a tua bola.

Ferrugem olhou de Nanda para Carrasco com uma expressão confusa, mas permaneceu em silêncio enquanto dava sua última garfada.

Carrasco estreitou os olhos para a garota. Ela continuava séria e, depois, voltou a comer. Não se contendo, soltou:

   – Depois os maluco não gosta quando xingam as sogras. – Ele observou Ferrugem levantar-se com o prato e ir até a pia. – Qual foi, parceiro? Vai lavar o meu também não?

Antes que Ferrugem respondesse, a mãe de Nanda colocou o prato dela em cima do prato de Carrasco e disse:

   – Claro que não, garoto! A Nanda não te disse que, quando o namorado vem aqui pela primeira vez, ele quem lava a louça? Afinal, não quero minha filha sendo empregada de marmanjo. – ela recolheu o prato de Nanda e juntou a pilha na frente de Carrasco.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora