Carrasco
Carrasco não estava gostando nem um pouco de ver a diferença com a qual a mãe de Nanda tratava ele e Ferrugem. Estava acostumado a ser o centro das atenções e que todos o tratassem como um rei, porém aquela mulher parecia não dar a mínima para o fato dele ser o cara que mandava em tudo na comunidade.
– Meu filho, eu fiquei tão feliz quando soube que você estava vindo morar perto de mim. – dizia ela, colocando o prato na frente de Ferrugem. – Só de saber que a Nanda vai ter o primo pra cuidar dela…
– Qual foi, sogra? Eu vou cuidar dela, tá ligada? – disse Carrasco, sentando-se à mesa e cruzando os braços incomodado. – Ela é minha mina e ninguém vai mexer com ela. Só se quiser morrer. – Lançou um olhar com intenção de intimidar Ferrugem, mas o ruivo estava ocupado demais servindo-se de refrigerante.
Nanda vinha da cozinha com um prato nas mãos. Carrasco sorriu para ela enquanto estendia a mão para pegá-lo.
– Ah, tá. Agora tá achando que tem empregada aqui. – disse Nanda, sentando-se à mesa e balançando a cabeça. – Não vai lá colocar a tua comida não pra ver se vai comer.
A mãe de Nanda soltou um risinho, orgulhosa, enquanto terminava de colocar comida em seu prato e, depois, sentou-se no sofá com um pote de farinha ao lado.
– E vê se cobre as panela, hein! – disse ela, ficando séria para Carrasco.
Ele se levantou, contrariado. Como assim estavam falando daquele jeito com ele? Ele quis dar uma resposta atravessada, mas preferiu evitar e só cerrou os dentes enquanto resmungava algo.
Carrasco até queria elogiar o cheiro da comida, mas não faria isso. Não após estar sendo tratado daquele jeito. Colocou os maiores pedaços de carne em seu prato e voltou para a mesa. Embora tivesse o corpo sarado, Carrasco sempre foi bom de prato e, por isso, sempre malhava no mínimo duas horas por dia para manter a boa forma.
Nanda contava sobre seus planos para Ferrugem em relação à faculdade. Eles ignoravam Carrasco, que mantinha uma sobrancelha erguida enquanto comia, irritado.
– ô garoto! – disse a mãe de Nanda, mordendo um pedaço de carne e, depois, lambendo os dedos para tirar a farinha deles.
Ferrugem olhou para ela, mas, em seguida, sinalizou com a cabeça para Carrasco que era com ele que ela estava falando. Carrasco respirou fundo e olhou na direção dela.
– Escuta aqui. Eu não sei o que deu na cabeça da Nanda pra namorar contigo, mas, se, por um acaso, eu souber que você tá obrigando ela a fazer isso…
Já perdendo a paciência, Carrasco soltou o garfo no prato e disse:
– Dá o papo! Vai fazer o quê? Tá perdendo a noção?
A mãe de Nanda pareceu recuar com sua atitude, mas Nanda entrou no meio, dizendo:
– “Amor”, – ela forçou a palavra em tom de descontentamento. – se quiser que nosso lance dê certo, melhor baixar a tua bola.
Ferrugem olhou de Nanda para Carrasco com uma expressão confusa, mas permaneceu em silêncio enquanto dava sua última garfada.
Carrasco estreitou os olhos para a garota. Ela continuava séria e, depois, voltou a comer. Não se contendo, soltou:
– Depois os maluco não gosta quando xingam as sogras. – Ele observou Ferrugem levantar-se com o prato e ir até a pia. – Qual foi, parceiro? Vai lavar o meu também não?
Antes que Ferrugem respondesse, a mãe de Nanda colocou o prato dela em cima do prato de Carrasco e disse:
– Claro que não, garoto! A Nanda não te disse que, quando o namorado vem aqui pela primeira vez, ele quem lava a louça? Afinal, não quero minha filha sendo empregada de marmanjo. – ela recolheu o prato de Nanda e juntou a pilha na frente de Carrasco.
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...