Capítulo 20

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Carrasco

Após Lúcia ter praticamente assumido a caixa de som quando ensinaram a ela que era só adicionar as músicas que quisesse ouvir à “playlist” pelo próprio celular, ter se enturmado com Pietra e desabafado que seu plano era ter saído para beber com o novo namorado do Tinder, mas que ele havia dado para trás no último segundo, ela já se sentia a própria dona da festa e conversava com o barman sobre as receitas dos drinks. Carrasco, contrariado, mas sem muito o que fazer, já que ninguém estava se incomodando com a presença dela, tomava o vigésimo drink e já estava bem alto. 

O choque causado pela chegada de sua sogra tinha desviado sua vontade de dar um mergulho e transformado-a na necessidade de beber mais para tentar ignorar as ordens da sogra, que insistia que precisava de um coquetel de camarão como aqueles que ela via nos filmes.

Ferrugem estava sentado na beira da piscina, ainda com o shorts “infantil”, e conversava com Breno e Biel, que contribuía com sutis gestos que sim e que não com a cabeça. Pietra parecia bem confortável conversando com as meninas enquanto se agarrava ao pescoço de uma bóia em formato de flamingo cor de rosa. Carrasco sorriu ao ver que ela não parecia deslocada como na maioria das vezes em que se juntava a suas festas cheias de convidados que na maioria das vezes escondiam seus preconceitos por medo dele. O sorriso começou a desaparecer quando Pietra começou a cochichar algo no ouvido de Manu, e ela começou a sorrir enquanto olhava para Ferrugem. Carrasco soube, na hora, o que estava acontecendo. Ela estava falando sobre Ferrugem estar afim de Manu. Carrasco deslizou os olhos até Titã e Alfinete no outro canto da piscina. Ele precisava fazer alguma coisa. 

Levantou-se, colocou o drink na espreguiçadeira e começou a tirar o shorts. Por um segundo, achou ter visto Ferrugem olhar em sua direção, mas logo imaginou ter sido apenas sua imaginação. O ruivo dava risada de algo que Breno falava. Carrasco pegou seu drink e andou até Alfinete e Titã. Entrou na água, ainda observando Manu olhar para Ferrugem.

   – E aí, pai, a mina não te deu uma moral, não? – disse Carrasco, notando Felipe se aproximar com uma bandeja com algumas comidas do buffet.

   – Pô, eu tento dar um papo nela, mas a mina escorrega mais que sabonete. – disse Alfinete, chateado, e Titã riu.

Carrasco lembrou que Alfinete tinha dito que Titã ofereceu a cocaína para ele, então apoiou o braço nos ombros de Titã, segurou no cabelo do loiro e cochichou em um tom ameaçador:

   – Escuta aqui, seu mudo filho da puta: – Titã arregalou os olhos e ficou sério. Alfinete começou a se afastar, tentando não chamar a atenção. – eu já tô ligado que tu tá oferecendo pó pros maluco.

Titã pareceu confuso, mas, como não estava com o celular por perto, não tinha como responder. Carrasco notou a expressão do loiro e, depois, olhou para Alfinete, que já tinha saído da piscina e pegava outro drink, mas continuava os observando.Alfinete olhou para a área VIP, parecendo nervoso. Carrasco olhou e estreitou os olhos quando viu Pinóquio virar-se de novo para a rua. Tinha alguma coisa errada. Titã balançou a cabeça negativamente para Carrasco como se tentasse dizer algo.

   – Carrasco, você já tá metendo o louco pra cima do meu nenenzão? – disse Pietra alto enquanto descia da bóia e nadava até Titã, que passou o braço na cintura dela. – Não precisa ficar ameaçando o “boy”. Se esse gato colocar as garrinhas pra fora, eu mesma cuido dele.

Pietra sorriu e deu um beijo em Titã, que forçou um sorriso, mas ainda encarava Carrasco.

   – Sempre bom deixar teus caso avisado. – disse Carrasco, sentindo que Titã não sabia do que ele tinha falado antes.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora