Capítulo 41

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Carrasco

Jonathan não sabia o que sentir, nem fazer. Ferrugem havia mentido para ele todo aquele tempo, mas também estava agindo como se realmente se importasse com ele. Ainda tentava acalmar Alfinete, que não hesitou nem por um segundo em matar alguém por ele. Queria que não tivesse acontecido daquela forma, mas precisava reconhecer que o ato de Alfinete demonstrava que ele sempre havia sido fiel a ele.

Ao ouvir Ferrugem dizer ao telefone que estava no segundo andar, Carrasco soltou Alfinete e já partia para cima do ruivo, achando que ele estava o entregando para a Polícia. Mais uma vez, foi pego de surpresa quando o ouviu dizendo que o dono do morro estava morto. Parou de súbito, diante de Rafael, que não olhou em sua direção e continuou falando no telefone:

   – Ninguém aqui vai oferecer risco a vocês. – Rafael olhou para Carrasco. A voz dele continha um pesar e tanta culpa que Carrasco teve vontade de abraçá-lo. Ficou ainda mais forte quando o ruivo disse: – Por favor, vem logo. Eu preciso sair daqui.

Pietra se aproximou de Titã, que agora estava inconsciente, e olhou para Jonathan.

   – Amigo! – disse ela, chorando. – A gente precisa levar eles para um hospital.

Carrasco foi até ela, e verificou a veia do pescoço de Titã. Enquanto sentia a pulsação, olhava para Rafael. Pietra também olhava para ele e tocou no braço de Carrasco.

Rafael estava debruçado na janela, com a cabeça apoiada nos antebraços. Carrasco percebeu que ele se esforçava para não desmoronar.

   – Johnny, eu imagino o que deve tá passando na sua cabeça, – disse Pietra baixinho. – mas ele parecia estar mesmo tentando fazer tudo para te ajudar.

Carrasco negou com a cabeça, mas antes de começar a dizer algo, passos no corredor chamaram a atenção de todos.

   – Siqueira? – Uma voz desconhecida, para Carrasco, chamou.

   – Estou aqui. – respondeu Rafael, indo até a porta do quarto.

Quatro homens fardados entraram no quarto, com armas na mão. Carrasco não sabia o que Rafael estava planejando fazer. Ia entregá-lo depois de tantas vezes que dissera que só queria ajudá-lo? Pietra colocou a mão sobre o peito de Titã e disse:

   – Nós temos que levar eles para o hospital. Urgente!

Dois policiais andaram até eles, um deles verificava o estado de Titã.

   – Você tá bem? –  disse um dos policiais, abraçando Rafael. O ruivo não retribuiu o abraço. Sua postura estava completamente diferente do usual, como se algo tivesse morrido dentro dele. – Porra, Siqueira…Ponto Tu tá ferido. Essa orelha e perna aí.

   – Abrantes, eu vou ficar bem. – disse Rafael, sério. – Ajuda os reféns.

Carrasco franziu a testa. Reféns? Ele olhou para Pietra, que retribuiu o olhar, mas não disse nada. Pelo olhar dela, Johnny soube que devia ficar calado.

O policial chamado Abrantes olhou para Rafael, como se duvidasse do que acabara de ouvir. Sua dúvida foi expressa pelos olhares que ele trocou com os outros policiais enquanto olhava para Alfinete com o tênis ensanguentado e o corpo de Pinóquio no chão. Estavam ligando os pontos.

   – Abrantes! – Rafael disse firme. – Eu explico o que houve com detalhes depois que tirarmos os reféns daqui. Eu sou o responsável pela morte daquele homem. O garoto só teve um acesso de raiva depois que eu soltei ele.

Carrasco ficou boquiaberto com o que ouvia. A frieza na voz de Rafael estava deixando-o preocupado. E se ele levasse a culpa pelo assassinato de Pinóquio, que devido a quantidade de tiros seria impossível de ser considerado como legítima defesa, provavelmente iria para a Cadeia.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora