Capítulo 22

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Carrasco

Carrasco acordou antes de Ferrugem, que dormia, encolhido debaixo da coberta por causa do ar condicionado. Ele ajustou a temperatura do quarto e , após colocar a roupa para malhar, viu que faltava um chocolate na caixa que dera ao ruivo. Passou o desodorante dentro do banheiro para não acordar Ferrugem e depois desceu para tomar café.

Encontrou Pietra sentada à mesa, comendo um misto quente com um copo de suco. Dona Fátima, trazendo mais um prato para a mesa, cumprimentou Carrasco, que a beijou na testa. Pietra deslizava o dedo na tela do celular enquanto lia algo, e Carrasco, puxando o pote de manteiga, disse:

   – Já tá trabalhando, Loira? – ele cortou o pão e começou a passar manteiga.

   – Deus me livre. – disse ela, sem tirar os olhos do celular. – Tô lendo os “babados” aqui neste IG de fofocas.

Carrasco olhou para a tela do celular enquanto mordia o pão e riu. Ele achava uma perda de tempo ficar lendo fofocas de famosos que nem sabiam da existência dele. As celebridades que apareciam em suas festas para se drogarem costumavam não chamar muita atenção dos fofoqueiros de plantão.

   – Tu não vai meter o pé hoje, não, né? – disse Carrasco, notando Pinóquio passar nos fundos da mansão, mas olhou para o outro lado quando Dona Fátima lhe entregou a vitamina. – Valeu, Gatona.

Pietra negou com a cabeça e bebeu um pouco mais de suco. Ela olhou para Dona Fátima e, sorrindo, disse:

   – Meu bem, a senhora pode mandar aquele bonitinho, o loirinho, levar alguma coisa pro Titã comer lá no meu quarto? Ah, e põe um chá de boldo ou qualquer outra coisa que ajude a melhorar da ressaca que ele vai ter quando acordar, por favor. – ela se virou para Carrasco. – E você, dormiu bem?

Carrasco abriu a boca para responder, mas Ferrugem entrou na cozinha com a mão na cabeça e bocejando. Pietra olhou para ele com uma cara desconfiada, depois olhou para Carrasco, que tomava a vitamina como se estivesse atrasado para algum compromisso.

   – E aí. – disse Ferrugem, baixo e cobrindo os olhos para evitar a claridade. Pelo visto, Titã não era o único de ressaca.

   – Bom dia, lindinho. – disse Pietra em um tom que deixou Carrasco desconfortável, embora soubesse que ela não diria nada que o deixasse constrangido naquele momento. – Pegou pesado na bebida, foi? Dona Fátima, esse aqui também vai precisar do chá.

Ferrugem sentou-se à mesa, mas não olhou na direção de Carrasco. Os dois pareciam querer evitar o contato visual, como se deixar que seus olhos se encontrassem fosse tornar mais real o que tinha acontecido entre eles. Carrasco terminou de engolir o café da manhã e se levantou depressa.

   – Vou dar um gás lá na academia. – disse ele e saiu antes de ouvir a resposta de qualquer um dos dois.

Enquanto corria na esteira, Carrasco repassava as imagens do sexo com Ferrugem na cabeça. Não sabia dizer se era somente o calor do dia que já começava a se intensificar ou se era a lembrança dos momentos quentes com o ruivo que estavam deixando seu corpo em chamas. Tomou um pouco d'água da squeeze e viu Alfinete entrando na academia.

   – Bom “mermo” tu ter “brotado” aqui, molecão. – disse Carrasco, completamente suado, mantendo o ritmo da corrida. – Tá ligado que a mina já começou a te dar moral, mas bora dar um jeito nessa carcaça aí. Vai botar um tênis maneiro e volta. Tu vai treinar comigo a partir de hoje.

Alfinete pensou por um tempo, mas Carrasco disse que Manu ia cair mais fácil na dele se ele pegasse, pelo menos, um pouco de corpo. Realmente, o garoto conseguiria fácil se esconder atrás de uma agulha. Poucos minutos depois, Alfinete estava de volta, então Carrasco o mandou fazer alguns exercícios leves para começar.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora