capítulo 18

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Carrasco 

   – Que isso, hein, Gatona! – disse Carrasco, comendo um pão de queijo, sentado à mesa da cozinha. – Arrebentou no pão de queijo.

Dona Fátima sorriu, orgulhosa e tímida pelo elogio. Serviu a vitamina ao Carrasco e disse:

   – É receita de família. Meus pais eram de Minas. Os quitutes que minha mãe fazia eram de lamber os beiços.

   – Pô, se eu já caio dentro das tuas receita. – Carrasco devorava mais um enquanto falava. – Hum… – ele bebeu um pouco da vitamina e olhou para o celular. – Mais tarde, nós vai fazer uma festinha na piscina, tá ligada?

Dona Fátima se sentava e se servia de café. Ela concordou com a cabeça enquanto escutava o moreno.

   – Vai ser um bagulho pequeno. Só pra minha mina e os amigos dela. – Carrasco procurava um telefone de uma loja de artigos para piscina. – Dá uma ligada pra essa loja aqui e confere umas paradas pra dar um estilo na resenha. Manda um dos moleque ir lá comprar.

Dona Fátima bebia um pouco do café e pegava um pão de queijo.

   – Umas paradas desse estilo aqui. – Carrasco mostrou o celular para ela, que assentiu.

   – Que horas vai ser isso?

   – Como tá fazendo um calor filho da puta, dá pra começar à noite. Assim a Loira pode “brotar” aqui depois do trampo. – Carrasco terminou de tomar a vitamina, pegou mais três pães de queijo, se levantou, deu um beijo na testa de Dona Fátima e, andando para fora da cozinha, disse: – A senhora já manja das organização das minha resenha, então posso ficar de boa. Vou dar um vˆoo lá no “asfalto” pra comprar uma parada. Cadê o Alfinete?

   – Tá lá na área da piscina, olhando os menino limpar ela.Estão tirando uns bichinho que cai na água.

   – Valeu, Gatona! – Carrasco jogou mais um pão de queijo na boca e foi para a área da piscina.

Quando Carrasco avistou Alfinete, ele estava terminando de fazer uma carreirinha de pó e já se inclinava para cheirar. “Caralho, esse moleque não tem jeito ‘’mermo’’.”, pensou Carrasco e gritou:

   – Aí, Cobertor de agulha! – Carrasco puxou Alfinete pelo pescoço. – Porra, cara, já falei pra tu parar de usar essas porra! Tá querendo morrer?

Alfinete, com o canudinho de papel na mão, olhou para Carrasco, depois para o pó na mesa.

   – Tô ligado, chefe. É só um “teco”. Só pra provar, tá ligado?

Carrasco passou a mão na carreira de pó, jogando-a no chão, e encarou Alfinete, sério.

   – Mano, vou te dar o papo, sério “mermo”, tá me ouvindo? – Carrasco, notando que os funcionários que limpavam a piscina olhavam para eles, começou a andar para perto da churrasqueira com Alfinete. – Essa porra vai te foder, mano. Olha só o teu estado. Tá cada vez mais magro. E já tô ligado que tu tava vendendo tuas paradas pra comprar mais droga. Por que tu acha que tô deixando tu ficar aqui na minha casa? Pra ficar de olho em tu, caralho. Quem te deu essa porra?

O garoto estava envergonhado. Não imaginava que Carrasco soubesse daquilo.

   – Pô, chefe… – Ele se calou, mas Carrasco não desistiria.

   – Vai querer “mermo” meter essa de esconder os bagulho de mim, molecão? – Carrasco cruzou os braços, a voz intimidadora. – Quem foi, caralho?

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora