Capítulo 39

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Carrasco

Ao ser puxado para o beijo, Carrasco pôde sentir os corações disparados, enquanto Ferrugem descontava sua raiva em seus lábios. Ele abraçou o ruivo e já estava colocando as mãos por baixo da sua camisa quando os celulares dos dois vibraram, e Ferrugem começou a se afastar.

   – Não. Agora não. – disse Carrasco, baixo, puxando-o para outro beijo. Ele só queria aproveitar o momento com Ferrugem.

   – Calma, Jonathan… – Ferrugem dizia entre o beijo e tentava se afastar. – Deve ser a Pietra. Não esquece que temos que resolver…

Carrasco imediatamente puxou o celular e desbloqueou a tela. Pietra havia criado um grupo com os dois e tinha avisado que já estava na mansão com Titã. Ela disse que Titã não estava agindo estranho com ela, mas que ficaria sempre perto dos funcionários e de Dona Fátima. Carrasco ficou um pouco mais tranquilo, e ela mandou-o aproveitar para se acertar com Ferrugem. Carrasco deu um sorriso discreto, e Ferrugem também sorriu ao ler a mensagem dela.

   – Acho que já fizemos isso. – disse Ferrugem, mas Carrasco balançou a cabeça.

   – Não, molecão. Ela tá certa. Se vamo “mermo” ter uma parada, tem umas coisa pra nós conversar. – Carrasco deu um selinho em Ferrugem, guardou o celular e o levou até a cama. – Sem dois papo agora, já é?

Ferrugem sentou na cama, e Carrasco também, de frente para ele.Carrasco passou a mão na barba, pensando como em começar. Nunca tinha precisado fazer aquilo antes. Ferrugem o observava e colocou as mãos sobre as coxas dele.

   – Posso perguntar o que quiser? – Ferrugem estava sério, mas a voz estava calma.

   – Vai responder o que eu perguntar também? – Carrasco cruzou os braços, e Ferrugem parou de encará-lo. – Jefferson, tem alguma coisa que tu tá escondendo de mim.

   – E se o que eu te contar fizer tu me odiar? – disse Ferrugem, mas Carrasco deu um risinho, achando que ele estava brincando.

   – “Coé”, Ruivo? Eu já falei que tô com os quatro pneu arriado por você e você também tá por mim. Acho que depois do que tu fez por mim, dá pra confiar em você. – Carrasco entrelaçou os dedos com os de Ferrugem. –- Tu tava certo “mermo”. Eu não sou o verdadeiro Carrasco. – Ferrugem o encarou. – Não. “Pera!” Eu sou, mas o que geral vê na TV e nas notícias sendo procurado pela polícia é o filho da puta do meu pai.

   – Quê? – Ferrugem arregalou um pouco os olhos e soltou a mão dele. Coçou a cabeça, confuso. – Tu falou que ele tava morto.

   – E tá “mermo”. Mataram o filho da puta na cadeia, e eu assumi os negócios dele, tá ligado? Ele, sim, era psicopata. Se olhassem torto pra ele, ia pra vala na hora. Ele tinha os contatos dele dentro da prisão e já tinha sacado que alguma merda ia acontecer com ele lá dentro. – Carrasco sacudiu a cabeça, dando um riso sem humor. – O desgraçado era foda. Deixou tudo no esquema pra se apagassem ele, eu ficar tomando conta da parada. A pietra é que tá certa quando fala que dinheiro compra tudo se souber a quem fazer a oferta. Espalharam a notícia de que ele tinha fugido da cadeia.

   – Por isso tu não tinha medo nenhum de andar lá no asfalto… – Ferrugem pensava alto, e Carrasco concordou com a cabeça. – Espera, porra. Mas Por que a galera do morro não desmentiu tudo? Eles agem como se tu fosse o Carrasco desde sempre.

   – Nem sempre foi desse jeito. – Carrasco ficou sério, lembrando de como precisou provar para os moradores e até para os homens que trabalhavam para o seu pai como ele mudaria a forma como tudo funcionava dentro da comunidade. – Porra, foi foda, moleque. Mas quando nós respeita a galera, ela respeita nós de volta, tá ligado? Claro que eu tinha que me impor e mostrar que ia ter consequência pra quem tentasse me peitar. Só que nunca teve ninguém que eu tive que mandar pra terra dos pé junto.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora