Rafael
Valter estava respeitando o momento de Rafael. O ruivo permaneceu calado e distante durante o percurso enquanto encarava a cidade. As únicas coisas que fazia eram dar suspiros pesados e fungar,passando a mão nas bochechas quando alguma lágrima escorria.
Quando Valter parou o carro, Rafael olhou para as casas e lojas da rua, estranhando o lugar. Achou que iriam para a delegacia depois de tudo o que houve.
– Nem fodendo que vou levar você desse jeito para bater de frente com aquele desgraçado. – disse Valter, abrindo a porta e descendo da viatura. – Você precisa esfriar a cabeça. Minha namorada está de plantão, mas já pedi a ela para você ficar aqui.
Rafael desceu da viatura e o seguiu. Não tinha energia para se opor.
– Eu tenho que ir para a delegacia, entregar a viatura e encerrar o meu turno.
Eles passaram na frente de uma igreja com o letreiro “1a igreja batista de Mesquita”. Rafael, então, soube que estavam na baixada fluminense. Valter abriu o portão da casa e, enquanto entrava no quintal, disse:
– Entra em contato com sua família e tranquiliza eles. Ou prefere que eu vá até sua mãe? – Valter olhou de canto para Rafael, que negou. – Tudo bem. Pode ficar à vontade. Vou ajeitar um canto pra você no quarto de visitas.
Rafael concordou e pediu um kit de primeiros socorros, que se resumiu a uma caixa de sapatos com alguns remédios, álcool e outros itens para curativo. Seria o bastante para desinfetar sua perna e orelha antes de fazer um curativo.
Valter já havia preparado o quarto para ele quando Rafael saiu do banho. Valter foi para a delegacia, após dizer que tinha deixado algo para ele comer no quarto. Rafael olhou para um prato com uma lasanha de micro-ondas e um copo de refrigerante sobre uma escrivaninha. Passou um tempo acalmando sua mãe, que repetia diversas vezes durante a conversa a pergunta de se ele não estava mentindo para ela, dizendo que não estava envolvido naquela operação. Rafael, por fim, confessou que sim, mas, como consequência, passou mais uma hora até ela entender que ele já estava fora de perigo.
A exaustão só permitiu que Rafael comesse menos da metade da lasanha, antes de deitar na cama e dormir. Acordou com barulhos vindo da cozinha. Se espreguiçou, sentindo-se moído, e olhou para a janela. O dia já estava claro.
Rafael olhou para as coisas do quarto, criando coragem para se levantar. Seu celular tinha sido colocado no carregador. Estava tão cansado que nem percebera alguém entrar no quarto enquanto dormia.
Olhou as notificações e ficou encarando o grupo com Manu, e os outros. Demorou para abrir a conversa, com medo de descobrir que algo havia acontecido com algum deles. Tinha visto apenas Nanda e Lúcia antes de sair da comunidade.
Todos eles haviam tentado entrar em contato com ele por mensagem privada, até Biel. Ele ficou mais aliviado e preferiu não responder, apenas ia colocar de volta na mesinha quando chegou mensagem de Valter, avisando que estava a caminho.
A conversa com Carrasco estava logo abaixo da conversa com os meninos. Rafael suspirou, encarando a foto do moreno, que sorria com aquele jeito folgado dele. Abaixo, Felipe posava em sua foto de perfil, em uma praia. Sem se dar conta, Rafael apertava o celular com tanta força que as juntas de seus dedos ficaram brancas. Rafael tentava compreender o que havia deixado passar quando conversou com Felipe. Após alguns minutos revisando tudo o que havia acontecido, lembrou da cara que Felipe fizera quando ele chamou Fernando de bombado. “Claro… ele se aproveitou que eu estava cego com a suspeita em cima do Titã e deixou eu acreditar no que eu queria.”, pensava Rafael. “Ele só tava pensando em conseguir livrar o rabo dele. E eu ainda me preocupando com o filho da puta.”
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...