Rafael
Andando atrás de Carrasco pela mansão, que estava silenciosa, pois os funcionários já estavam dormindo, Rafael se perguntava o que teria feito Carrasco agir daquela forma. Não quis perguntar no momento para não irritá-lo mais ainda. Chegaram no quarto de Carrasco, e ele foi direto para o banho. Rafael, um pouco tonto por conta da bebida, precisava de água. Avisou ao Carrasco que ia dar uma ida até a cozinha e que traria água para ele também. Carrasco concordou, então ele foi para o corredor.
Desceu as escadas e ouviu os homens que ficavam de vigia do lado de fora da mansão conversando. Pelo menos, se alguma invasão acontecesse no morro, eles seriam avisados e não seriam pegos de surpresa. Entrou na cozinha e foi até a geladeira. Pegou uma garrafa d'água em meio à toda aquela fartura de alimentos e bebidas, procurou um copo no escorredor e tomou um bom gole de água. Passos vindos de uma porta ao lado da geladeira chamaram sua atenção. Se aproximou com cautela e ouviu a voz de Felipe sussurrando para Fernando não continuar insistindo e deixá-lo em paz. Os passos começaram a se aproximar, então Rafael se afastou da porta e fingiu estar procurando algo.
– Tá precisando de algo? – Felipe entrou na cozinha e o observava.
Rafael percebeu que Felipe olhou um pouco nervoso para trás, mas logo andou até a garrafa sobre a pia.
– O Carrasco tá meio mal. – disse Rafael. – Tem algum remédio pra ressaca por aqui?
Felipe balançou a cabeça, negando, bebeu um pouco d'água e disse:
– Acho que não. Só se perguntasse à Dona Fátima.
Rafael não queria que ele acordasse mais ninguém. Aquele era o momento que ele tinha para questionar o motivo de Felipe não ter respondido suas mensagens.
– Não. Deixa quieto. Qual foi, Felipe? – disse Rafael, e Felipe se virou para olhá-lo. – Não me respondeu por quê?
Felipe pareceu querer fugir dali, pegou a garrafa e já ia guardar na geladeira, mas Rafael pegou-a da mão dele e o encurralou contra a pia. Felipe olhou para a porta que dava acesso à sala da mansão, depois olhou para os lábios de Rafael.
– Cara, você tá um pouco bêbado. – disse Felipe. – Eu acabei esquecendo de responder. Só isso.
Rafael ergueu uma sobrancelha e fez um som de descrença com a boca.
– Todas as vezes que abriu a conversa? Dá o papo, mano. Tu não queria uma parada comigo? – Rafael, notando no rosto de Felipe o esforço que ele fazia para não cair na tentação, cochichou no ouvido dele: – Tá fugindo por quê?
Felipe colocou a mão no peito de Rafael e o afastou. Os olhos azuis desceram até a sunga de Rafael e, depois, voltaram de encontro aos olhos verdes do policial.
– Tudo bem. A gente conversa e marca uma parada fora daqui. – A voz de Felipe estava baixa demais. Ele estava com medo de que o ouvissem. – Eu costumo sair daqui depois das nove da noite durante a semana. Te passo o endereço da minha casa e a gente conversa.
Rafael achou que aquela não era uma ideia tão ruim. Poderiam conversar com mais tranquilidade fora da mansão. Felipe voltou a olhar para a sua sunga e já levava a mão até o pau de Rafael, mas o policial segurou o braço dele.
– A gente conversa na tua casa então. – disse Rafael, se afastando e pegando a garrafa de volta.
Felipe soltou a respiração, frustrado, mas não protestou. Rafael não podia demorar muito, ou Carrasco poderia vir atrás dele. Deu as costas para Felipe, que o devorava com os olhos, e começou a ligar os pontos. Era a segunda vez que ouvia Felipe conversando com esse tal Fernando às escondidas. Só o vira conversar assim com uma outra pessoa: Titã. E Titã saíra dos fundos da casa para se juntar a eles na piscina. A cozinha tinha acesso aos fundos da casa. Subiu as escadas, enquanto sua desconfiança com Titã aumentava.
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...