Capítulo 38

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Rafael 

Tudo parecia ter ficado em câmera lenta enquanto Rafael processava o que escutava. Carrasco estava apaixonado por ele. Soltava o ar pela boca, tentando se manter calmo, decidindo o que fazer. Já estava na hora de abrir o jogo para Carrasco? Talvez, só devesse dar um jeito de sair dali, pegar sua família e abandonar tudo aquilo. E se Valter tivesse razão? Ele estava se arriscando por alguém que havia entrado na vida do crime sabendo dos riscos e consequências que aquilo traria. Não. Não se tratava apenas de Carrasco agora. Tinha muito mais coisas em jogo. Seria covardia da parte dele fugir, sabendo que o capitão planejava ir atrás de Carrasco, independente do que fosse preciso fazer para pegá-lo. Isso incluía colocar as vidas dos moradores da comunidade em risco. Valeria a pena trocar as vidas de pessoas inocentes pela dele? Lembrou da despedida de sua mãe e irmão. Precisava agir. Abriu a porta com toda a determinação que conseguiu reunir e disse:

   – Jonathan, eu menti pra você. Nós temos que conversar! – Tentou se manter o mais firme que pôde ao ver Carrasco se virar e se levantar em uma mistura de surpresa e raiva.

   – Que porra esse maluco tá fazendo aqui, Pietra? – Carrasco olhou de Rafael para ela, que abriu a boca para responder, mas foi interrompida por ele. – Tu tá “mermo” tirando o dia pra armar pra mim.

   – Ela não tem nada a ver com essa merda toda. – disse Rafael, indo até ele. – Ela nem sabia do que tinha rolado com a gente. Eu preciso te contar a verdade. Eu não tava me prostituindo.

   – Não? – disse Pietra, confusa, cruzando os braços.

   – Ferrugem, não fode! Vai querer meter esse “caô” agora? – Carrasco foi para cima dele, que não recuou e segurou nos seus ombros.

   – Me escuta, porra! Se me ama “mermo”, confia em mim! – Rafael não iria permitir que Carrasco o impedisse dessa vez com o jeito dele. – Eu fui tentar te ajudar a descobrir o que tinha rolado com o mano dos cachorros.

Carrasco franziu a testa e tirou as mãos dele de seus ombros.

   – Que porra “cê” tá falando, moleque? Não tem o que resolver. O cara já virou adubo, se bobear. – Carrasco foi até a garrafa de bebida e tomou um copo cheio de uma vez.

   – Não, Johnny… Espera. – disse Pietra e andou até Rafael. – Foi por isso que você tava perguntando sobre ele no escritório?

Rafael notou Carrasco olhar intrigado para eles, mas confirmou com a cabeça.

   – Pensa um pouco, Carrasco. Já tem mais de uma semana que o maluco “morreu”. Tu não acha que ia ter alguma notícia do desaparecimento dele rolando por aí? Não tem nem ninguém procurando pelo cara. – Rafael tentava ser o mais lógico possível para explicar de forma clara. – Me fala, você viu quando tiraram o corpo dele da mansão?

   – Não, caralho. Mas eu mandei tirarem ele de lá e confio nos moleque. – Carrasco não estava acreditando nem um pouco no que saía da boca de Rafael pela cara que fazia.

   – Confiar nos maluco não quer dizer que eles sejam confiável, porra! Como tu explica essa merda aqui? – Rafael pegou o celular e abriu o vídeo de Ricardo entrando na seção de embarque do aeroporto.

Pietra e Carrasco se aproximaram do aparelho ao mesmo tempo e arregalaram os olhos.

   – Desgraçado! – disse Pietra quase sem voz. – O filho da puta tá vivo.

Carrasco tentou pegar o celular da mão de Rafael, que o puxou e se afastou.

   – Como você conseguiu essa parada? – Carrasco tinha a veia da testa alterada e a voz cheia de perplexidade.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora