Capítulo 36

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Rafael

Finalmente, Felipe havia resolvido colaborar. Rafael passou a mão no rosto, acalmando-se e puxou o banco que havia chutado para longe para se sentar. Colocou os cotovelos sobre os joelhos e se inclinou para a frente.

   – Muito bem. Melhor não deixar uma vírgula de fora. – disse o ruivo, sério.

Felipe olhou na direção dele, em seus olhos, a dúvida se deveria mesmo contar. Rafael ergueu o torso e cruzou os braços.

   – Você só vai sair daqui à noite mesmo, então pode levar o tempo que precisar pra organizar tudinho nessa cabeça.

   – Eu… Eu preciso mijar. – disse Felipe, baixo.

   – Porra… Tinha outra hora não? 

Rafael levantou e andou pela cabana, procurando onde era o banheiro. Encontrou um cômodo menor com um buraco onde devia ter sido a privada.

“Vai servir.”, pensou. Ele pegou no braço de Felipe e o ajudou a se levantar. Felipe caminhava com dificuldade, devido a corda amarrada em seus pés.

   – Por que você tá fazendo isso? – disse Felipe, olhando para Rafael.

Ele também não sabia a resposta para aquela pergunta. Ajudou Felipe a parar diante do buraco e baixou a frente do shorts e cueca dele.

   – Vai logo. Mija aí e para de fazer pergunta. – Rafael se encostou na parede e .

Estranhou quando não escutou o som da urina cair.

   – Você não soltou as minhas mãos – disse Felipe, com uma voz de dar pena. 

Rafael respirou fundo e se aproximou. Pegou no pau de Felipe, apontou para o buraco e, sem olhá-lo nos olhos, o constrangimento era o de ambos, disse:

   – Só termina logo com isso.

Felipe devia estar apertado há horas, pois mijou uma eternidade, soltando um som de alívio quando as últimas gotas terminaram de sair. Rafael sacudiu o membro dele, e colocou o de volta na cueca.

   – Eu achei que tu não era igual ao psicopata. - disse Felipe.

Rafael estreitou os olhos, pegou no braço dele e começou a conduzi-lo de volta até o colchão. Ele não era igual aos bandidos. Só estava fazendo o trabalho dele.

   – Mano, eu não vou falar de novo. – Rafael o largou no colchão e sentou no banco novamente. – Você já tá todo errado por ter uma arma ilegal dentro de casa. Fala logo o que o Fernando tá querendo.

Felipe conseguiu se sentar, com as costas contra a parede. Balançou a cabeça.

   – Eu não sei qual é o plano todo. Eu comecei a trabalhar lá. Do nada, rolou aquela merda lá com o cara e os cachorros. Eu fiquei assustado, mas estava tão cego pela adrenalina de estar no meio de bandidos que acabei relevando. Só que eu vi quando tiraram o cara de lá.  Fiquei na minha porque eu não queria me meter. Aí o Fernando veio pro meu lado, querendo trocar uma ideia. Achei que ele queria só foder, mas ele percebeu que eu tinha visto. Me disse que, se eu ficasse quieto , dava pra gente ter um lance.

Rafael cruzou os braços, pensando. Felipe tinha aquele jeito de querer transar com todo mundo, mas era ingênuo ou burro o suficiente para cair na lábia dos bandidos. Assentiu com a cabeça para ele prosseguir.

   – A gente marcou uma foda na minha casa e rolou, mas depois ele começou com um papo de que queria que eu ajudasse ele. Eu só tinha que colocar uma câmera escondida no quarto do Carrasco. Daquelas com microfone. Ele tinha cheirado pra caralho no dia e falou como tinha feito pra acharem que o cara tinha morrido. Ele sabia que o Carrasco nunca ia até a área dos cachorros, então aproveitou que estava todo mundo ocupado resolvendo as parada do baile e do churrasco e preparou um canto pro cara se esconder lá dentro e ficar gritando enquanto os cachorros destruíam um boneco coberto com carne crua e sangue de boi que ele deu um jeito de esconder lá dentro  pra atrair eles. Ele disse que foi melhor ainda quando o cachorro saiu com a mão de borracha na boca. – Felipe baixou os olhos, parecendo envergonhado. – Da segunda vez que ele foi lá pra casa, nós bebemos muito e o filho da puta me gravou dando pra ele. Eu sei, fui idiota de ter deixado, mas eu tava bêbado e ele tava armado. Ele começou a me ameaçar com vídeos da foda.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora