Carrasco
Pelo rosto que Ferrugem tinha feito, Carrasco sabia que tinha o surpreendido com a oferta repentina. Colocando mais cerveja nos copos, o moreno começou a salvar o número do ruivo.
– Mas qual é a dessa parada aí? – disse Ferrugem, colocando o copo no batente e encostando-se na parede com um dos pés apoiados nela. – Por que tenho que saber usar arma? Vamo apagar alguém?
Carrasco deu uma risada. Tomando mais um pouco de cerveja, inclinou o rosto para olhá-lo.
– Não, moleque! Só que, se vai trampar pra mim, é melhor tá preparado pra sentar bala nos filho da puta que entrar no meio dos meus negócios. tá ligado?
– Mas que tipo de trampo vai ser esse? – Ferrugem estava sério agora, o que causou uma certa estranheza em Carrasco.
– Ih, qual foi, pai? Tá arregando, caralho? – Deu um tapa no próprio antebraço, matando um mosquito. – Tu não era o brabo? Tava me peitando e os caralho.
– Arregando, não, porra. Mas é meu couro que vai tá em jogo. Só quero saber qual é a da parada. – Ferrugem bebeu e cruzou os braços.
– Relaxa, porra. Te falei que tu não tem cara de pivete batedor de carteira. – Ele coçava o local onde o mosquito tinha picado. – Com essa tua cara de “playboy”, tu não vai chamar a atenção dos polícia, tá ligado?
Ferrugem concordou com a cabeça, mas ainda parecia não entender bem qual era o serviço que teria que fazer.
– Se liga, tu tava com as ideia de vender umas paradas lá no asfalto. Só que tu vai só tomar conta de uns moleque que tão começando na parada. Se algum deles tiver fazendo merda…
Ferrugem ergueu a sobrancelha e, em um sussurro, disse:
– Apago o moleque…
– Caralho, que mané apaga os “cria”, porra! – disse Carrasco, observando Alfinete chegar com a porção de frango à passarinho. O cheiro abriu mais o seu apetite. – Só vai passar a visão pra mim, porra.
Alfinete olhou para os dois, tentando entender qual era o assunto. Carrasco, vendo a cara do garoto, logo o mandou voltar para a entrada do beco. Alfinete saiu, resmungando alguma coisa, baixo. Carrasco já estava acostumado com o jeito dele, então não se importou.
– Porra, esse bagulho tá cheirosão! – disse Ferrugem, pegando um pedaço de frango e comendo.
Carrasco imitou o gesto e, mastigando um pedaço, disse:
– O coroa “lançou a braba”! – Carrasco ficou em silêncio por um momento. Não contendo a curiosidade, perguntou: – O que rolou com a Pietra?
Ferrugem terminava de engolir mais um pedaço. Tomou mais um gole e o encarou, parecendo que estava na defensiva.
– Nada, pô. A mina é maneira pra caralho.
– E por que não quis pegar ela? – Carrasco observava o ruivo, que também estava um pouco suado, deixando um leve brilho em sua pele clara por conta da luz do poste do beco. – Tu foi o primeiro maluco que eu vi que ela não conseguiu levar pra cama.
– Na boa, ela é “mó” gostosa “mermo”, mas eu dei o papo pra ela. – Rafael revirava os pedaços de frango, até que encontrou uma pele e a colocou na boca. – Só que o pai aqui já tá em outra.
– Tô ligado… – “Então ele tem alguém”, pensou Carrasco. – Porra, mas era só uma foda. Tu não ia casar com ela.
Ferrugem o olhou sério e, balançando a cabeça, disse:
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...