Capítulo 5

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Rafael

Rafael aguardou Carrasco descer as escadas enquanto Nanda falava com Alfinete para chamar Breno, Biel e Manu para o churrasco. Porém, assim que Nanda se aproximou novamente, ele a questionou se estava tudo bem mesmo. Ela confirmou e disse para ele ficar tranquilo. Ele achou aquilo muito estranho, porém estava aliviado por ela não ter sofrido nenhum abuso.

Como o objetivo era conseguir informações sobre o esquema de Carrasco, decidiu que seria interessante tentar descobrir o que acontecia entre ele e Pietra. Outra coisa que precisava descobrir era o motivo do bandido não ser a pessoa mostrada nas mídias.

Aproveitando que o segurança da escada estava distraído dando em cima de uma mulher, esgueirou-se pelas costas dele e desceu. Se Carrasco tivesse mesmo ido atrás de Pietra, então ele tinha que entrar na casa. Questionando se a essa altura os seguranças ainda estariam em alerta total, observou a entrada por onde Pietra havia passado mais cedo e pôde ver o loiro musculoso ocupado com o celular na mão, digitando algo e mostrando para um grupo de pessoas na beira da piscina. Era sua oportunidade, pois, julgando pelo comportamento das pessoas que estavam ali perto, já estavam drogados ou bêbados demais para notarem sua presença. Cauteloso, disfarçou por uns instantes perto da porta e, em seguida, entrou. Fingia estar somente curtindo a festa.

Encostou-se no sofá e ficou parado um tempo na sala. Era absurdo o contraste entre a decoração luxuosa espalhada pelo ambiente e a interação quase animal que acontecia entre os convidados. Quadros que deveriam custar o que Rafael precisaria de cinco reencarnações juntando dinheiro para adquirir apenas um deles serviam de plano de fundo para o que o policial nomeou como “O puteiro do Carrasco”. As plantas, perfeitamente cuidadas, foram o que mais agradou o gosto dele. 

“Aquele não é o jogador de futebol?”, pensou, chocado com o tanto de droga que havia na mesinha ao lado dele. O fato de que ele estava completamente nu, recebendo sexo oral de três mulheres e sendo observado pelos outros convidados como em uma exposição bizarra também teve uma parcela de contribuição no choque de Rafael.

Olhou para as escadas, imaginou que eles poderiam estar lá em cima, então, aproximou-se de um dos garçons e, incerto se deveria mesmo perguntar, tocou em seu ombro.

   – Aí, mano… – encarou o garçom, que já colocava bebida em um copo para servi-lo. – Não, tô de boa. É que precisava falar com meu mano Carrasco, mas não sei onde ele tá. Tu viu ele?

Rafael aguardou, mas o garçom parecia procurar a resposta certa para a pergunta no corpo dele. Foi então que resolveu aproveitar que o garçom não fazia questão de esconder seu interesse e, dando um sorriso sedutor, chegou perto do ouvido dele e disse:

   – Na moral, mano, me ajuda aí e nós desenrola depois.

Um eclipse de dúvida tomou conta do rosto do garçom. Vê-lo morder o lábio enquanto pensava e corava deu uma atiçada na imaginação de Rafael. “Que moleque bonitinho. Pegava fácil se esbarrasse comigo em outro lugar.”, pensava quando ele deu uma olhada para os lados, depois, discretamente, meneou a cabeça para o alto das escadas.

   – Não foi eu que te falou, por favor! Sou novo aqui e não quero problemas. – disse o garçom, baixo, e depois acrescentou: – E vou querer esse desenrolo aí!

Rafael assentiu e subiu as escadas, certificando-se de que ninguém estava prestando atenção nele. “Ótimo, gênio! Pra quê perguntar exatamente onde ele estava?”, pensava contando quantas portas tinham no andar. Mais plantas pelo corredor. “Você não tem cara de que é ligado à naturez… Ah, esquece!”. Ele passou a mão na folha de uma delas. Artificiais. “Bem mais a sua cara.”.

Andando com passos leves, se aproximava de cada porta para tentar ouvir algo, mas só obteve sucesso quando chegou em uma das últimas portas. Aquela era, definitivamente, a voz de Carrasco. Encostou o ouvido na porta e ficou escutando toda a conversa. Olhava para os dois lados do corredor, temendo que alguém aparecesse. Tenso por poder ser pêgo a qualquer momento, os músculos dos ombros estavam rígidos. 

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora