Rafael
Comendo um dos chocolates que Carrasco lhe dera, Rafael chamou no portão de Nanda. Foi recebido por Lúcia, mãe de Nanda, com um copo de cerveja na mão. Ela o mandou entrar e correu para a cozinha para virar o peixe que estava na frigideira. Rafael procurou por Nanda, mas não a viu. Lúcia disse que ela estava terminando de tomar banho e perguntou para Rafael onde estavam os litrões. Ele, rindo, disse que não tinha as garrafas e pediu para ela arrumar para ele. Ela tirou duas de debaixo da pia e entregou a ele que saiu para comprar.
No boteco da frente, pediu os dois litrões e ficou olhando as pessoas na rua, mas não encontrou nenhum rosto diferente dos que tinha visto desde que havia se mudado para o morro. Tirou o dinheiro da carteira e entregou para o dono do bar. Com as garrafas, retornou para a casa de Nanda. Lúcia foi logo enchendo o copo dele.
– Aqui, Jeffinho. Vai molhando a palavra, enquanto eu termino de fritar isso aqui. – ela brindou no copo dele e tomou um gole.
Rafael percebeu que ela estava sorrindo muito, mas não quis perguntar o motivo. Foi até o prato com os peixes fritos e tirou um pedaço. Colocou na boca, sentindo o tempero e aprovando com a cabeça.
– Quer ajuda com alguma coisa? – disse Rafael, bebendo um pouco e olhando em busca de algo para fazer.
– Nada, garoto. Só aumenta o som pra tia lá. Daqui a pouco o bonito chega aqui com mais cerveja pra gente “quebrar”. – ela tirou uma posta de peixe da frigideira e o óleo espirrou na mão dela. – Ai, caralho!
Ela abaixou o fogo e esfregou a mão, onde tinha pingado óleo. Rafael estava à vontade, então abriu a geladeira e guardou as garrafas de cerveja.
– Teu namorado? – disse ele e, depois, puxou uma cadeira.
– Meu rolo. – disse ela, sorrindo e mexendo o feijão. – ele viu aquele negócio que vocês postam no “insta”, a Pietra me falou o nome, mas não lembro. E não é que funcionou? Ele, rapidinho, veio mandando mensagem, falando que queria me ver.
– Os “Stories”. – disse Rafael, rindo, e percebeu Nanda se aproximando. – Então vou conhecer o padrasto da Nanda.
Rafael disse para implicar com a garota. Ela deu um beliscão no braço dele e foi até a geladeira.
– Não sei como vocês tão conseguindo beber já. – Ela tirou uma garrafinha d'água da geladeira e bebeu. – Ela fica nessa com ele. Uma hora tão bem, do nada tão se mordendo.
Lúcia apagou o fogo das panelas e colocou uma tampa para cobrir os peixes fritos. Abrindo mais a janela da cozinha, ela disse:
– Deixa só esse cheiro de fritura sair pra gente ligar nosso ar novo. Você viu, meu sobrinho? – ela apontou para o ar na sala. – O presente que o insuportável mandou?
Rafael olhou para o ar instalado na sala e olhou para Nanda com as sobrancelhas erguidas.
– Ele mandou só porque você tá usando nosso namoro pra tirar proveito. – Nanda riu e foi para o sofá. – Duvido que, se você não ficasse falando que não ia aceitar o namoro, ele ia mandar alguma coisa.
– Eu, hein. E eu sou besta? – disse Lúcia, pegando a garrafa na pia e indo até a mesa. – Tô errada, meu sobrinho?
Rafael balançou a cabeça enquanto tomava mais um pouco de cerveja.
– Mas essa parada com vocês é sério “mermo”? – disse ele, tentando disfarçar.
– Ah, no começo, eu não queria. – disse Nanda, acrescentando músicas à lista do youtube. Rafael aguardou. – Mas até que ele não é tão babaca como eu pensava.
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O infiltrado no morro (Gay)
RomanceUm policial iniciante é encarregado de fazer parte da nova operação para investigar sobre o tráfico de drogas em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro; Seu trabalho principal é se infiltrar no esquema e se aproximar do dono, conhecido por se...