Epílogo

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Rafael 

3 meses depois...

Com uma pasta de documentos aberta no meio da sala, Rafael organizava em uma pasta separada a documentação para solicitar visto. Colocou o último que faltava dentro dela e começou a juntar os papéis restantes na outra pasta para guardar. Olhou para a hora no relógio da parede. Johnny já deveria estar quase saindo da aula. Enfiou a pasta dentro da gaveta do hack da sala e levou a outra para o quarto. Recebeu uma chamada no celular e já sabia que era ele.

   – Como foi aí? – disse Rafael, indo até a máquina de lavar para conferir se já havia terminado o ciclo.

   – Até agora tá de boas. O professor dá umas enroladas na língua, e eu fico perdido um pouco, mas já manjo perguntar umas paradas em Inglês.

Rafael sorriu. Jonathan estava se dedicando a aprender a língua, agora que Pietra estava prestes a viajar para os  Estados Unidos. Também era mais um jeito dele ficar em contato com a filha, que ele matriculou no mesmo curso.

   – E a garota? – perguntou Rafael, abrindo a tampa da máquina e tirando umas peças para colocar no varal portátil.

   – Tá brincando com os colegas da turma dela. A professora disse que seria bom deixar eles interagirem uns dezz minuto depois da aula. Tá fazendo o quê, moleque?

   – Lavando roupa. Daqui a pouco, o Breno vai passar aqui em casa.

   – Já é. Vou demorar, não. Tenho que levar a Duda pra casa, senão a outra surta. – Johnny deu um risinho. – Vai “brotar” lá em casa mais tarde? O Marlon falou que, depois do supletivo, vai dar um rolê na casa da mina dele.

   – Ele tá firme com ela? – Rafael tirou uma cueca de Jonathan de dentro da máquina e prendeu no varal. – Daqui a pouco, vou começar a cobrar pra lavar suas roupas que estão aqui.

   – Ih, “coé”, Ruivo? Tu acha que as tuas se lavam sozinha lá em casa? – Johnny fez um som de dor. – Caralho, essa porra no dedo dói, mano. – Rafael ouviu alguém o repreender pelos palavrões. – Foi mal aí, coroa.

   – Eu falei que tatuagem aí doía. Você não me escuta. E nem mandou foto pra eu ver.

   – Mas ficou bonita pra cara… caramba. Eu ia dizer caramba, coroa. – Rafael riu, e ele continuou: – Ela tá vindo. Depois nós se fala.

Rafael se despediu dele e terminou de colocar a roupa para secar. Ele ainda ficava tenso em imaginar o dia em que iria conhecer Duda pessoalmente. E se ela não gostasse dele? O mesmo sentimento acometia Johnny quando Rafael tentava apresentá-lo à Dona Janice. Mas eles já tinham combinado um final de semana para pôr um fim naquilo. As duas seriam apresentadas juntas, assim a tensão seria dos dois.

Breno mandou um áudio, dizendo que estava saindo do treino de futebol e já chegaria. Ele conseguiu uma vaga de Jovem Aprendiz nos Correios e, com o dinheiro que recebia, pagava a mensalidade de um clube para jogadores de futebol iniciantes.

Rafael ainda procurava por um emprego, mesmo Valter oferecendo várias vagas como segurança ou coisas relacionadas à suas habilidades com armas. Ele não queria nada que tivesse contato com armas. Procurava algo tranquilo, livre de riscos. 

       *

   – A vacilona da Manu tá toda se achando com o Bem-te-vi. Quero ver quando ele cansar dela e meter outra novinha no lugar. – disse Breno, comendo um pão doce. – Essa parada aqui é “mó” bom.

Rafael tomou um pouco de café. Pegou um com cobertura de creme e empurrou o prato para ele.

   – Foi o Marlon que mandou. Pra não estragar, quando sobra lá na confeitaria, o chefe dele deixa os funcionários levarem pra casa. – Rafael mordeu um pedaço. – Pô, fiquei “tristão” quando fiquei sabendo que ela tinha parado de falar com vocês.

O infiltrado no morro (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora