A Culpa Do Amor

P R O L O U G U E

LUANA FRANCIS

- Não se preocupe, amor. Você nem vai notar a nossa falta. - disse minha mãe enquanto eu abraçava meu pai antes de entrar no carro.

Acenei para ele e minha mãe começou a dirigir. Meu pai acenou de volta e gritou um " se cuidem ".

Ao meu lado meu irmão mais novo dormia tranquilo em sua cadeirinha, bem agasalhado porque o frio de nossa cidade não estava sendo generoso com ninguém.

Minha irmã mais encostada na janela cantarolava a música do rádio e meu irmão mais velho no banco do carona falava com minha mãe.

Minha mãe estava concentrada na estrada. Entramos em uma conversa animada sobre as músicas que passavam no rádio, a neve caia sem trégua, deixando o nosso caminho embaçado.

Os pneus rolam pela estrada, que está ficando escorregadia.

O anúncio que sai pelo rádio chama a nossa atenção...

- Vem aí um nevão, é aconselhável que se mantenham casa e quem estiver na estrada, volte para casa imediatamente. - A voz feminina disse.

- Mamãe, o que a gente vai fazer? - minha irmã pergunta.

- Vamos voltar para casa meu amor, já não é seguro ir a casa da sua avó. - minha mãe disse acariciando o rosto de cada um.

Eu sorri para ela, um sorriso com vários espaçamentos, devido aos dentes que me faltavam, afinal, eu tinha sete anos.

Minha mãe fez a retaguarda e começou a dirigir cautelosamente até nossa casa.

A estrada estava vazia, parecíamos os únicos na estrada.

Eu estava a ficar apreensiva, um nó se formou em meu estômago. Alguma coisa estava errada. Meu irmãozinho acordou e começou a chorar.

Minha mãe encostou o carro e levou meu irmão para o seu colo para o amamentar.

- Mãe, a neve está ficando mais forte. Temos que ir ! - Meu irmão mais velho se pronunciou.

- Calma Anthony, seu irmãozinho está comendo. Depois nós vamos, está bem? - minha mãe disse passando a mão no rosto de Anthony.

- Mas mãe, a senhora ouviu o anúncio no rádio, um nevão está a caminho. Se continuarmos aqui, nosso carro vai ser engolido pela neve. - minha irmã continuou.

- Isabelle, calma. Estão assustando vossa irmã. - nesse momento todos olharam para mim.

Meus olhos estavam encharcados e eu apertava meu ursinho com força.

- Desculpa Luana, a gente vai ficar bem, tá? Não se assuste foi só uma forma de falar. - minha irmã me abraçou forte me confortando.

- A neve é má? - eu perguntei, com medo do que a neve nos faria.

- Não, a neve não é má. É muito bonita, só que ela não se controla as vezes. - meu irmão disse.

Ficamos no carro mais alguns minutos, Ethan já estava alimentado. Minha mãe pôs ele de volta na cadeirinha e dirigiu novamente.