C H A P T E R XXXVII

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Luana Francis

— Luana! — a voz de Sally soa pelo corredor vazio e frio da sala da diretoria.

Levanto meus olhos, que antes se encontravam na minha mão por cima da mão de Indie, e encaro minha madrasta.

Ela está vestida com o scrub e o jaleco do seu trabalho com fisioterapeuta. Ela caminha em passos largos até nós, e quando chega, me levanto e encontro conforto em seu abraço. O abraço maternal que estou precisando no momento!

— Desculpa, Sally. Eu não queria! Eu juro! — suplico desesperadamente em meio às lágrimas.

— Eu sei, meu amor! Eu sei! Eu estou aqui! — ela me conforta passando sua mão no meu cabelo despenteado. 

O medo se instala no meu peito, minhas mãos não deixaram de tremer em nenhum momento, desde que eu e Dalila  fomos chamadas a diretoria. Todavia, ela e seu pai entraram primeiro, estão lá a mais de quinze minutos, enquanto eu esperava por Sally na sala de espera acompanhada por Indie.

Agora temo as consequências das minhas acções irracionais. Essa escola tem uma forte política anti-agressões. Ela não funciona nos alunos que tiram milhares de dólares mensalmente para pagar, mas com certeza, funcionarão em mim. E a política é expulsão imediata e registo no currículo académico, sem direito de contestar. Isso vai arruinar tanto minhas chances em qualquer universidade, principalmente nas universidades da Ivy League.

Embora Dalila tivesse começado tudo, ela ainda tem algo que eu não tenho. Dinheiro e poder! Para tornar a situação ainda mais pesada para mim! Ela pode mudar toda a situação com apenas um estalar de dedos. Ela pode realmente fazer da minha vida o inferno que ela prometeu que faria.

Esse pensamento faz meu estômago revirar e uma sensação amarga subir pela minha garganta. Medo da incerteza do futuro que me aguarda depois que passar pela porta do diretor.

— Senhorita Francis! — uma mulher abre a porta da diretoria — Pode entrar.

Respiro fundo. Seguro minha mochila na  cadeira onde outrora eu me sentava, ao lado de Indie.

— Obrigada, Indie! — dou a ela um abraço parecido com os abraços que ela sempre me dá.

— Eu te espero aqui. — ela informa.

Sem contestar, caminho em passos incertos e medrosos até a sala do diretor. Passo por um hall, que dá espaço a uma porta dupla de carvalho, alta e pesada. Sally pega na maçaneta dourada e empurra, dando lugar a uma sala fria e escura.

A sala é assustador, num estilo vanguardista e antigo. Tudo ao redor remete poder e dinheiro, desde o teto até ao vaso que enfeita a mesa do diretor Shawn Davis. Nunca antes tinha sido chamada por ele, apenas o via algumas vezes no corredor, e também o vi no dia da matrícula. Mas, o vendo tão perto, posso perceber um homem de meia idade, frio, calvo e com a postura digna do seu cargo.

A frente da sua mesa de madeira escura, Dalila e seu pai se encontram sentados nas cadeiras revestidas por estufas verde musgo. Dalila apresenta uma expressão de pobre coitada, e o rosto inchado. Mesmo que seja moralmente inchado, bem feito! Não me arrependo da surra que dei nela, apenas gostaria que não tivesse sido na escola.

Ela também me deixou com os braços todos machucados. Estamos quites!

Reparo que ela é absurdamente parecida com seu pai. Literalmente uma cópia fiel. Ele apresenta os mesmos traços e a expressão de soberba regular no rosto de Dalila.

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