Andrew Martins
Eu não queria ir a lado nenhum. Não queria mover um centímetro do meu corpo. Tinha medo de sair e tudo ser uma mera ilusão, de tudo ser uma miragem. Tinha medo de dar uma volta e Luana desaparecer.
Porque era bom demais para ser verdade. Se calhar fosse mesmo ilusão. Se calhar Luana era alucinação minha.
Para mim era impossível existir alguém tão única e angelical, mas ao mesmo tempo tão destemida e forte. Era impossível uma só pessoa me proporcionar a paz e o alívio que eu procurei por dezoito anos da minha vida.
Luana era tudo isso. Ter ela agora em meus braços me dava a segurança que eu queria e me fazia não querer ir a lugar nenhum.
Queria apenas ficar com ela para sempre, parados no tempo, sem nos importarmos com mais nada nem ninguém. Que o mundo fosse apenas de nós dois. Nunca pensei na vida, sentir outro amor para além do amor pelos fraternal e o amor pela minha mãe. Nunca pensei sentir uma chama que arde mais a cada vez que vejo um simples sorriso ou uma carreta de Luana.
Nunca pensei sentir um amor assim, que sufoca, mas não me faz procurar por ar. Que me inunda, mas não me faz nadar para a superfície. Esse amor me preenche mais do que o suficiente no momento que mais necessito dele.
Luana chegou como uma bola demolidora na minha vida, abalando cada estrutura do meu corpo e grudando como cola quente na minha mente desde o primeiro momento que a vi.
Desde aquele momento, aquele bendito momento, minha mente foi consumida pela sua bela silhueta, pelo seu cabelo frondoso e pelo sorriso arrasador. E desde o momento que a vi, eu sabia que a queria para mim, e só para mim, não importava o quão egoísta isso era. E agradeço aos céus por ter me concedido ela.
Poder chamá-la de minha, mesmo que não seja minha posse. Poder sentir seu perfume doce, tão diferente da sua personalidade, sempre perto de mim. Pode ver seu sorriso e tocar no seu cabelo sedoso. E poder tocá-la, conhecê-la, explorar cada canto seu. Eu amo isso! Amo passar tempo ao seu lado e do quão sua companhia me faz bem. Amo nossa pequena bolha, a bolha que formamos sempre que estamos juntos não nos importando com mais nada nem ninguém ao nosso redor. Amo ela e cada detalhe mais sombrio até ao mais radiante dela.
É por isso que quero ficar aqui, e caso isso seja ilusão... Caso Luana seja alucinação, não quero acordar desse transe. Quero continuar a observar ela no seu sono profundo, coberta pelo meu edredom, enquanto seu cabelo está espalhado no meu peito, e sua expressão serena a cada inspiração e expiração dela. Ficar aqui sem me mexer. Está tudo perfeito!
Mas como o que tudo que é bom acaba, Luana se mexe no meu peito abrindo seus olhos. Ela ergue a cabeça e me analisa sorrindo sonolenta.
— Você estava me observando. — sua voz rouca é música para meus ouvidos.
Ela se espreguiça como um bebê acabado de acordar.
— Como não observar essa beldade! — pisco, fazendo ela revira os olhos — Dormiu bem, o exercício foi bom? — provoco ela.
Luana se senta e me olha surpresa, e em seguida me bate no braço.
— Para! — ela ruboriza.
— Engraçado... momentos atrás você só pedia para eu continuar.
Luana ruboriza mais. Suas bochechas estão tomando um tom avermelhado fofo, e ela não para de colocar mechas imaginárias do seu cabelo atrás da orelha. Seu tique nervoso.
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A Culpa Do Amor
JugendliteraturDescrição: Depois da morte de sua mãe e seus irmãos, Luana Francis se trancou em uma bolha escura, e não deixava nem um feixe de luz entrar por ela. Se dedicou apenas aos estudos para conseguir sair do sítio que trazia as memórias a tona da noite f...