C H A P T E R XXXVIII

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Andrew Martins

É mesmo difícil eu descrever o turbilhão de sentimentos nesses últimos dias. Apenas estou tão neutro quanto intenso.

Eu sentindo nada ou estou sentindo tudo dependendo do momento do dia, ou do meu grau de sobriedade. Então, os momentos que mais sinto são na escola!

Aqueles corredores passaram a ser meu maior pesadelo desde a segunda feira. Desde que vi o olhar apaixonado e fervoroso de Luana por mim, se transformar em um olhar de puro ódio e raiva.

Eu não estava pensando! Eu estava totalmente cego de raiva, não quis ouvir ninguém. Um dia antes ao acontecimento, recebi várias fotos de um número anónimo, as mesmas fotos que publicaram no blog da escola.

Imediatamente um sentimento de raiva e insegurança me tomou. Afinal, eu tinha passado uma semana em casa sem ao menos dar notícias à Luana. Para mim, aquelas fotos seriam facilmente justificadas por isso, e o sentimento de impotência me invadiu com fervor. Não consegui ouvir, não quis, na verdade. E isso resultou no pior arrependimento da minha vida.

Minha vida tem sido uma total merda, desde que minha mãe saiu de casa. Passei a semana tentando me distrair em bares, bebendo até esquecer das palavras que eu ouvi do meu pai, não ser audíveis ou dolorosas. Eu sempre que acordava, as palavras voltavam com veemência, e o ciclo se iniciava novamente.

Bebidas, música alta! Foi o que usei para me distrair, nada mais fazia muito sentido para mim. Perdi meu telefone e só recuperei uma semana depois, vendo tudo que Luana havia me mandado. Automaticamente, como um tapa rápido e doloroso, percebi o quão fútil eu estava sendo. Quando mandei a mensagem para ela, eu realmente queria ter uma conversa com ela, puder abraçá-la e sentir seu doce perfume dançar nas minhas narinas. Queria poder tocá-la. Tocar seu corpo, porém, como um idiota, caí num maldito golpe de Internet e perdi o que tinha de mais valioso.

Minha Moon!

Depois desse dia, voltei para o ciclo de álcool. Álcool, time e escola. Vou para escola, treino, tenho aulas, e volto para casa, abro uma garrafa de uísque e bebo até adormecer. Essa tem sido minha fatídica vida.

Não tenho mais vontade de nada, mal falo com meus irmãos, não estou visitando minha mãe. Estou apenas me remoendo esse quarto escuro, enquanto colecciono garrafas de uísque na minha colecção. As garrafas não têm sido suficientes, tive que me afundar mais  cocaína que me foi vendida em uma balada na cidade. Eu julguei que tivesse parado com isso, mas de repente, ela se tornou minha melhor amiga de novo. Todos os dias faço cinco filas do pó branco sob a minha escrivaninha e cheiro o conteúdo fileira por fileira, antes de sair de casa. Essa merda é altamente viciante, mas no momento, estou pouco me lixando. Ao menos ameniza um pouco da dor dilacerante que se alojou no meu peito desde que Luana deixou minha vida.

Ela tem me ignorado tão bem, é como seu eu nunca tivesse existido na sua vida! Mesmo depois de toda a discussão com Dalila, que eu vi no blog, ela continua forte. Finalmente descobri o que aconteceu com sua família, e caramba, ela é muito forte por ter suportado isso por tanto tempo. Não deve ter sido fácil para uma criança ver a morte da sua família, e ainda conviver com isso. Isso me faz admirá-la mais. Luana é muito forte! Ela é perspicaz e objetiva! Ela determinou que nosso término não seria um atraso em sua vida e seguiu em frente.

Quem me dera ter a mesma força dela. Apesar de ser inteiramente culpado do nosso término, eu estou sofrendo bastante com o fato de não puder mais chamar ela de minha.

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