C H A P T E R XXXVI

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Luana Francis

Dor! No momento, tudo o que consigo descrever se resume a essa palavra. Uma dor que atravessa o peito, acompanhada de mágoa e saudade. É como se ele fosse o próprio ar que respiro, como se eu precisasse dele para viver. Mas, na verdade, não é sobre precisar; é sobre querer, desejar e sentir falta. Uma dependência emocional que eu sempre temi e, mesmo assim, permiti que se formasse.

Esse era o meu maior medo: ser dependente dele. Que meu humor, meus pensamentos e meus dias girassem em torno dele. Lutei contra isso, tentei resistir, mas acabei me entregando completamente a Andrew Martins. E, no momento em que surgiram as primeiras dificuldades, no primeiro rumor maldoso, ele duvidou de mim.

E esse facto fez com que outro sentimento surgisse com furor, raiva!

Saber que ele não acreditou em mim, e não só em mim, mas também não acreditou em Matthew, faz meu corpo ferver de raiva. Ele estava frio, gélido até, imutável, e a cereja no topo do bolo, ele mesmo me traiu na minha frente.

Quando o vi beijando aquela garota, sem remorso, sem o menor traço de pesar, entendi que era o fim. Tudo que eu conhecia nele – o meu Andrew, o meu Sun – já não estava mais ali. Ali, na minha frente, estava um estranho, alguém diferente da pessoa por quem me apaixonei e amei por meses.

Amo! Porque não é possível eu deixar de amá-lo de um dia para o outro. O amor que sinto por ele faz tudo ser mais doloroso. Faz a dor se intensificar, faz a espada afiada perfurar mais meu coração, faz eu não ter vontade alguma de algum dia voltar a pisar naquela escola, e de lhe ver.

Porque eu sei que ele não sentirá nenhuma dor, nenhum remorso, nenhuma saudade, nenhum arrependimento quando me vir. Serei totalmente obsoleta, totalmente indiferente para ele. Um total e completo nada! Eu sei, porque já conheci esse lado indiferente, senti a sua indiferença, e não doía, porque era mútua.

Não sei como será daqui em diante, mas de uma coisa estou certa: será uma dor impossível de traduzir em palavras.

Agora fazem exatas 24 horas que nós terminamos. Um dia! Não sai da cama o dia todo, excepto quando fui tomar um banho e tomar o café da manhã, depois de muita insistência de Sally. Depois passei o dia afundada nos lençóis e abraçada ao casaco que ele me deu no dia do lançamento da empresa do seu pai.

Deixei o seu cheiro inebriante e amadeirado de hortelã me preencher, sabendo que não mais sentirei esse cheiro no seu abraço. Não mais sentirei tão perto de mim. Não mais sentirei quando tiver o seu corpo no meu. Não terei mais nada dele!

As lágrimas rasgam meus olhos de novo, como uma dolorosa e quente onda de pequenas lâminas que rolam como uma cascata pelas minhas bochechas. Chorando novamente! Que frágil vindo de mim! Mesmo me culpando e me julgando, não consigo parar. Não posso deixar de sentir a dor que me preenche!

— Porquê dói tanto? — soa mais que um clamor do que uma pergunta. Um clamor para que essa dor cesse.

Relutantemente, tive que ir para à escola, não podia me dar ao luxo de faltar mais um dia. Sally vai me levar, novamente.

O meu preparo para à escola foi demorado e diferente do habitual. Fiquei me encarando no espelho, observando as consequências de um dia de luto e de choros. Um dia de culpa e de saudade, e decidi, que essa terça feira seria o único dia que eu me daria o luxo de sofrer. Ainda sou eu, Luana Charlotte Francis!

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