C H A P T E R XLI

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Luana Francis


Eu imaginava que seria impossível suportar essas horas de viagem sem mandar mensagens a cada dois minutos para Indie reclamando de tudo. Mas foi mais fácil do que pensei.

Nos primeiros quarenta minutos, passei trocando mensagens com ela, comentando sobre o calor intenso dentro do ônibus, enquanto eu me divertia com as piadas dela sobre as pessoas na van — além dos Martins e Matthew, havia alguns desconhecidos que acabaram virando alvo de suas brincadeiras.

Quando o celular de Indie descarregou e as mensagens cessaram, decidi escutar o último álbum da minha banda favorita, The Neighbourhood: Chip Chrome & The Mono-Tones. Foi o último álbum que lançaram antes de seguirem carreiras solo e deixarem milhões de fãs, como eu, desamparados.

No meio da faixa Cherry Flavoured, acabei caindo no sono e só acordei quando o ônibus estacionou em frente à Southside High School.

A semelhança com a nossa escola era impressionante, embora essa fosse consideravelmente menor que a Westside. Ainda assim, a estrutura era praticamente uma réplica.

As portas do ônibus se abriram, e os alunos começaram a descer. Peguei minha mochila e, sendo a última a sair, também segui para fora. Vi todos se agrupando em direção à entrada da escola, e comecei a procurar meus amigos no meio da multidão até que encontrei Abby.

Fui ao seu encontro, esbarrando em alguns colegas pelo caminho e observando as expressões de reprovação se formando em seus rostos. Finalmente cheguei a Abby, que me envolveu em um abraço apertado.

— Como foi a viagem? — ela perguntou assim que nos afastamos.

Eu poderia mencionar o calor sufocante, o sol queimando minha pele pela janela e o cheiro de mofo no ônibus, mas o sorriso de Abby estava tão radiante que decidi não estragar seu bom humor.

— Razoável. E a sua? — respondi, escondendo meus pensamentos.

— Boa! — ela sorriu.

— E os outros? — perguntei, notando a ausência dos Martins, Indie e Matthew.

— Matthew e Andrew foram direto para o treino para o jogo de amanhã. Indie e Brooke já seguiram para o hotel; não quiseram fazer a visita pela escola. E eu vim só para ver você antes de me preparar para o treino — explicou Abby. — A gente se vê mais tarde!

Ela me deu mais um abraço e desapareceu entre a multidão. Restaram apenas os alunos que não eram jogadores, líderes de torcida ou rebeldes, aguardando as instruções.

— Boa tarde, Westside High School! — anunciou uma mulher ao surgir na entrada. — Eu sou Rebecca Campbell, diretora da Southside High School. É um prazer imenso receber todos vocês para a nossa visita anual a Connecticut e ao jogo do campeonato interescolar nacional de rugby. Vamos iniciar a visita guiada, e espero que todos se sintam à vontade!

Com isso, a diretora nos guiou pela escola.

A Southside High era idêntica à minha, por dentro e por fora. Cada detalhe parecia uma cópia: desde os armários até o piso, nada era diferente. Estrutura, organização, numeração das salas — tudo igual. A única distinção estava no nome da equipe de rugby: em vez de Black Ravens, aqui eram os Blue Ravens. Um nome que soava meio irônico, afinal, corvos são pretos.

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