Luana Francis
Passei a noite me remoendo de culpa e arrependimento. Desde que saí daquele banheiro, deixando Andrew para trás, mal consegui pregar os olhos. A madrugada foi uma batalha contra meus próprios pensamentos, e eu não parava de me revirar na cama, inquieta, tomada pela angústia do que fiz.
Matthew passou a noite me enviando mensagens preocupado, fazendo algumas chamadas, mas ignorei tudo. Sei que, se atendesse, minha voz entregaria o que estou sentindo; a culpa transpareceria, revelando que algo não está certo. Ainda não tenho coragem para falar com ele, nem para encará-lo depois do que aconteceu no banheiro. A vergonha me consome, e a insegurança sobre o que sinto torna tudo ainda mais confuso.
O que me corrói por dentro é que, mesmo com toda essa culpa, ainda desejo intensamente o toque de Andrew. Durante a noite, sentia o formigamento em minha pele e um desejo ardente. Por mais que tentasse evitar, a lembrança daquele momento me dominava. Eu queria mais! Queria mais dele, mais daquela conexão que tivemos, mais dos seus beijos, mais das suas carícias, mais de Andrew. Sei que, se aquela garota não tivesse entrado no banheiro naquele instante, provavelmente eu estaria acordando ao seu lado agora.
Pergunto-me por que meu coração é tão complicado. Por que não posso simplesmente amar Matthew e esquecer Andrew? Seria tudo tão mais fácil, tão menos doloroso. Matthew é tudo o que uma garota quer e precisa: carinhoso, prestativo, amoroso, leal. Com ele não há turbulências, apenas calmaria. Ele é a paz que qualquer um desejaria.
Eu gostaria de retribuir na mesma intensidade. Gostaria de dar a ele cem por cento de reciprocidade, de amá-lo como ele me ama. Mas, infelizmente, meu coração, meu corpo e minha mente pertencem a Andrew Martins. Não importa quanto eu tente mudar, ou o quanto tente esquecê-lo. Andrew sempre me dominará. Eu sempre serei sua, mesmo que isso me condene a esse ciclo de culpa e desejo.
Durante a madrugada, percebi o quão injusta estou sendo com Matthew. Mesmo que não queira admitir, estou usando-o. Ele merece mais, e admitir que estou com ele como uma distração é doloroso, pois me faz encarar a pessoa horrível e ingrata que estou me tornando. Eu percebo que, de forma egoísta, estou me aproveitando dos sentimentos genuínos dele para ter companhia, para preencher o vazio e fugir de Andrew.
Sei que quero afeto, beijos, abraços, mas não os dele. Nunca verei Matthew de outra forma além de um amigo — meu melhor amigo. O desejo e a intensidade que sinto por Andrew são inigualáveis, e eu nunca conseguirei transferir esse sentimento para outra pessoa. Ele é meu tudo, meu ponto fraco, a fonte dos meus conflitos. E, apesar de tudo, continuo presa a ele.
Esse é o meu dilema: estar com alguém que me ama profundamente, enquanto meu coração pertence a outro. E, ao final da madrugada, só consigo me ver como a pior pessoa do mundo por manter Matthew ao meu lado quando sei que jamais conseguirei amá-lo como ele merece.
Então, tomei uma decisão dolorosa, mas sensata: serei sincera com Matthew!
Confessarei o que aconteceu, e terminarei o que estamos tendo. Apesar do medo de perder sua amizade que me consome, Matthew merece que eu seja totalmente sincera com ele.
Embora tenha tomado essa decisão, evitei ele quando estávamos prestes a partir. Entrei no ónibus escolar sem esperar por ele, ou por Abby, Indie e Brooke. Passei a viagem com o celular no modo de voo, apenas ouvindo músicas pelos meus fones de ouvido, incapaz de pregar os olhos, devido à ansiedade.
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A Culpa Do Amor
Teen FictionDescrição: Depois da morte de sua mãe e seus irmãos, Luana Francis se trancou em uma bolha escura, e não deixava nem um feixe de luz entrar por ela. Se dedicou apenas aos estudos para conseguir sair do sítio que trazia as memórias a tona da noite f...