Luana Francis
Meus dias têm sido um pesadelo. Não sei se ainda sou um ser humano, ou um cadáver ambulante. Cansaço é a palavra que me define! Não estou aguentando nem me manter em pé.
Sinto o mundo nas minhas costas e um enorme peso em meus pés. As inscrições para a faculdade já iniciaram!
Para eu entrar em uma universidade da Ivy League, para além das cartas de recomendação dos meus professores – as quais consegui com facilidade – tenho que pensar numa bela redacção para a minha admissão!
Estou me candidatando à três universidades: Harvard, Yale e Brown.
Três universidades com o nome na praça, bastante concorridas e bastante selectivas.
A taxa de aceitação delas não supera os cinco por cento, e apenas os melhores conseguem um lugar lá.
Eu literalmente estudei toda minha vida, para ter a chance de entrar lá! Sempre garanti que minhas notas fossem as mais altas, sempre tive cuidado com meu registo permanente e comportamento.
Participei ativamente de vários projectos e concursos, conquistando os melhores lugares, para que estivesse capacitada para um dia puder concorrer a uma bolsa nessas universidades. Porém, compartilho do mesmo sonho de maior parte da comunidade estaduniense, de admitir em Harvard!
Não só por ser a universidade mais renomada do país, também porque a escola de medicina de Harvard é simplesmente o melhor sítio para um médico se formar nos Estados Unidos! E eu quero ter a oportunidade de viver esse sonho. Ser uma médica formada em Harvard! Poder ser altamente capacitada para salvar vidas!
Porém, ano que deveria definir meu futuro se transformou no caos mais absoluto. Tantas coisas acontecendo, me consumindo! A maldita detenção me força a chegar à escola mais cedo, ocupando a biblioteca até o primeiro sinal tocar. Acordar às quatro da manhã se tornou um pesadelo, e cada dia a cama se torna um abismo de conforto do qual sou arrancada com relutância.
Chegar à escola às seis da manhã, com o céu ainda escuro e a brisa cortante, é um lembrete constante de que estou presa em uma rotina insuportável. E, durante o almoço, a humilhação de ficar atrás das panelas, vestindo um avental estúpido e uma toca ridícula, enquanto sirvo proteína aos estudantes, faz meu estômago se revirar. Por que estou fazendo isso? Para quê? A pergunta ecoa em minha mente enquanto sigo nessa tarefa exaustiva.
Após lavar a louça, retomo as aulas com a cabeça cheia de preocupações. O sonho de entrar na faculdade está sendo sufocado pela avalanche de obrigações que se acumulam como as pilhas de pratos sujos em que luto todos os dias.
Estou fazendo um esforço matinal interminável de me arrumar para, ao menos, refletir algo bom em mim, sendo que meu interior está entrando em colapso.
Aí que merda de vida! É o que passa na minha cabeça enquanto travo uma batalha interna para não fecha os olhos durante a aula de biologia. Meus olhos pesam como se tivessem âncoras de um navio que viaja em alto mar sobre eles, mantê-los abertos não está sendo uma tarefa fácil. Minha cabeça lateja de tanta dor, e sinto que a qualquer momento vai explodir. O sinal toca me assustando e me mantendo acordada. A professora passa os deveres de casa, e sai da sala de aulas, e alguns alunos seguem logo, a seguir, porque chegou a hora mais aguardada por todos.
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A Culpa Do Amor
Novela JuvenilDescrição: Depois da morte de sua mãe e seus irmãos, Luana Francis se trancou em uma bolha escura, e não deixava nem um feixe de luz entrar por ela. Se dedicou apenas aos estudos para conseguir sair do sítio que trazia as memórias a tona da noite f...